Pará - O Pará apresentou avanço gradual nas viagens de moradores em 2024, segundo o módulo Turismo da PNAD Contínua, divulgado pelo IBGE, mas ainda não recuperou os níveis pré-pandemia. Apenas 21,4% dos domicílios do estado declararam ter realizado ao menos uma viagem nos três meses anteriores à pesquisa — um leve recuo em relação a 2023 (22,8%) e abaixo de 2019, quando o índice era de 28,3%
Viagens e perfil do turista paraense
O levantamento revela que cerca de 583 mil lares registraram deslocamentos de moradores, totalizando uma média de R$ 1.285 em gastos por viagem originada no estado, o menor valor da Região Norte. Já nas viagens cujo destino foi o Pará, o gasto médio ficou em R$ 1.085, mostrando que o estado atrai visitantes com perfil econômico mais contido
A pesquisa indica que 82,9% das viagens realizadas por paraenses tiveram motivo pessoal, especialmente tratamento de saúde e consultas médicas (33,6%), percentual superior ao das viagens de lazer (29,3%). Apenas 17,1% das viagens tiveram finalidade profissional, embora essa proporção venha crescendo desde 2021
Falta de dinheiro ainda é o maior obstáculo
Nos domicílios onde não houve deslocamentos, o principal motivo relatado foi a falta de recursos financeiros (37,4%), seguido por “não ter necessidade” (26,9%). O dado evidencia que as barreiras econômicas continuam sendo determinantes para o acesso ao turismo dentro e fora do estado
Essa limitação é reforçada pela relação direta entre nível de renda e frequência de viagens: enquanto 45,7% dos domicílios com renda superior a quatro salários mínimos relataram viagens, apenas 10,4% dos lares com renda abaixo de meio salário mínimo o fizeram
Transporte e deslocamento
O uso do carro particular segue como principal meio de transporte nas viagens dos paraenses (26,3%), mas há forte presença do ônibus de linha (22,9%) e de outros meios, como barcos, vans e aplicativos (24%). O avião, embora em expansão no país, ainda representa apenas 9,6% das escolhas no Pará — percentual bem abaixo da média nacional (14,7%)
Viagens dentro da própria região
A maioria das viagens originadas no Pará ocorreu dentro da própria Região Norte — cerca de 79% do total. O fluxo entre estados amazônicos mostra a importância das conexões regionais, tanto para lazer quanto para tratamentos médicos
Os resultados do IBGE indicam que o turismo no Pará avança, mas ainda enfrenta desigualdades econômicas e logísticas. A limitação de renda, a distância entre municípios e o custo dos deslocamentos impactam a mobilidade e o acesso das famílias paraenses a oportunidades de viagem.
Com o estado se preparando para sediar a COP30 em 2025, o setor turístico regional tem potencial para se fortalecer, desde que invista em infraestrutura, conectividade e políticas de incentivo voltadas às populações de menor renda — aproximando ainda mais o turismo do cotidiano do povo paraense.