
Foi relativamente fácil a missão do Criciúma no confronto de ontem à noite, no Mangueirão. Nem tanto por exibir grande superioridade técnica, mas principalmente pelas falhas de organização exibidas pelo Remo. Com dois gols, um em cada tempo, o visitante se impôs e levou a melhor, conquistando a vaga à terceira fase da Copa do Brasil.
Sem ter a posse de bola e obrigado a correr sempre atrás do adversário, o Remo foi envolvido desde o começo da partida. Logo aos 4 minutos, o Criciúma chegou com o meia Felipe Mateus, que disparou um chute forte por cima do gol de Marcelo Rangel.
Em seguida, Neto Pessoa arriscou da entrada da área e Marcelo Rangel defendeu parcialmente, mandando a escanteio. Na sequência, novo arremate de Marcelo Hermes, criando dificuldades para o goleiro azulino. Sustos que evidenciaram a melhor presença do Criciúma em campo.
Apesar de alguns lances isolados de Dodô e Pedro Rocha, o Criciúma tinha mais consistência, avançando de forma organizada até a área do Remo. Ao ficar com a bola, o Remo se perdia nas tomadas de decisão, como quando Dodô desferiu chutes fracos, quando podia tabelar ou avançar mais.
O Criciúma chegou ao gol após insistir e prevalecer nos duelos aéreos. O gol acabou confirmando isso. Aos 26 minutos, em escanteio cobrado por Marcelo Hermes, a bola atravessou a pequena área do Remo e foi testada por Luciano Castan, levando a melhor sobre Klaus e Rangel.
Ainda no 1º tempo, a configuração usada pelo Remo (inicialmente no 4-3-1-2) sofreu uma alteração importante. Dener, muito mal, errando todas as saídas, foi substituído por Adailton, que adicionou vibração ao time. Nos acréscimos, aproveitando escanteio cobrado por Sávio, Ytalo testou para as redes e recolocou o Remo na disputa.
Apesar da animação que tomou conta do torcedor (mais de 14 mil espectadores) nas arquibancadas, o Criciúma voltou melhor na 2ª etapa. Logo de início, Juninho perdeu boa chance. Depois, Rodrigo cabeceou com extremo perigo para boa defesa de Rangel.
Aí o auxiliar Neto Pajola, que substituiu Rodrigo Santana (suspenso) à beira do campo, trocou Pedro Rocha e Dodô por Janderson e Guty. Houve a mesma movimentação vista quando Adailton foi lançado na partida.
Aos 25 minutos, Janderson mandou no ângulo, mas Caíque espalmou. Dois minutos depois, Guty lançou Ytalo, que chutou cruzado. O Criciúma trocou Neto Pessoa por Eric Popó e passou a explorar o contra-ataque.
Aos 36’, o gol que eliminou o Leão. Caíque deu um chutão em direção ao ataque. Eric Popó disputou a bola com Klaus, mas Marcelo Rangel saiu estabanado do gol, errou o bote e a bola ficou livre para o centroavante, que tocou para as redes.
Apesar do esforço de Guty, Gabriel e Maxwell, que entraram depois, o Remo não conseguiu chegar a um novo empate. Ficou pelo caminho na Copa do Brasil, como havia ficado na Copa Verde.
Dúvidas quanto ao futuro do comando técnico
Depois da segunda eliminação da temporada, a pressão do torcedor é no sentido de mudanças no comando técnico do Remo. As reações começaram ontem à noite ainda, com explícita irritação pela atuação descalibrada frente ao Criciúma no jogo mais importante da temporada até aqui.
Rodrigo Santana tem a seu favor o fato de ter conduzido o Remo ao acesso à Série B, mas o trabalho desenvolvido neste ano deixa mais dúvidas do que certezas. As contratações que reforçaram o elenco são consideradas acertadas, mas não se vê um time pronto.
As hesitações nas escolhas são provavelmente o ponto mais destacado nas críticas ao treinador, embora não sejam a única causa dos problemas. A definição de uma escalação custou a sair e, quando se materializou, veio acompanhada de uma alteração na forma de jogar.
Do 3-5-2 usado desde o ano passado, o Remo jogou ontem num inesperado 4-3-1-2, cujo objetivo parecia ser o de surpreender o Criciúma. Devido aos muitos erros cometidos, os efeitos da mudança não foram observados. Pelo contrário, a entrada de Dener comprometeu a atuação no 1º tempo.
A derrota para o Criciúma não é um acontecimento desastroso. Afinal, o adversário é um time de Série B, recém-saído da Série A. O problema não é o jogo de hoje, mas o conjunto da obra, muito abaixo das expectativas.
Arbitragem erra (de novo) em benefício do Palmeiras
Um novo erro escandaloso de arbitragem virou assunto em todo o país: o pênalti marcado pelo árbitro Flávio Rodrigues de Souza, em falta inexistente do são-paulino Arboleda sobre o palmeirense Vítor Roque. Raphael Veiga cobrou e fez o único gol da semifinal do Paulistão.
Ontem, a gravação do VAR adicionou mais pimenta à destrambelhada marcação. Durante o diálogo, Rodrigo Guarizo do Amaral, árbitro do VAR, conclui que houve falta do zagueiro no atacante. “Ele faz o calço com a perna esquerda na perna esquerda do adversário”, diz, convicto.
As imagens desmentem Guarizo e o pênalti entra para a galeria das muitas penalidades que beneficiaram o Palmeiras nos últimos cinco anos. Não dá para acreditar em simples coincidência. John Textor tinha total razão.