De 26 a 28 de agosto, Belém recebe a nova etapa de formação para compor a documentação necessária para a candidatura dos teatros da Amazônia a Patrimônio Cultural da Humanidade, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Haverá visitas no Theatro da Paz, no seu entorno, e debates com técnicos da área de patrimônio, pesquisadores e autoridades, visando a ampliação dos debates e definição dos próximos passos.
“Estamos em uma fase inicial para a construção da candidatura. É importante frisar que os teatros, Theatro da Paz e Teatro Amazonas, não são candidatos ainda. A Secult [Secretaria de Estado de Cultura] vem trabalhando em conjunto com o Iphan desde o início do processo, fornecendo informações, materiais e participando das oficinas para que o dossiê seja produzido e encaminhado para a Unesco”, explicou Rebeca Ribeiro, diretora do Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural da Secult.
EVENTO DÁ CONTINUIDADE À ETAPA INICIADA EM MANAUS
Essa é a II Oficina de Mobilização, a primeira aconteceu em Manaus, em 2023, e os encontros são uma preparação da candidatura a Patrimônio Mundial. “Quem define se vai ser candidato ou não, não é a Secult e nem o Iphan, é a Unesco. Então, o nosso trabalho, que é ainda de forma inicial, é a preparação dessas discussões para montar o dossiê. Temos o desejo que seja, óbvio que queremos, que os teatros da Amazônia sejam um patrimônio da humanidade. Mas, por enquanto, nós não temos como garantir”, reforçouRebeca.
Os dois teatros em questão, são duas casas de espetáculos teatrais reconhecidas como Patrimônio Cultural brasileiro pelo Iphan. O Theatro da Paz, desde 1963. O Amazonas, a partir de 1966. Se reconhecidos como Patrimônio Mundial, os dois se juntarão a outros 14 bens culturais brasileiros que integram a lista da Unesco, incluindo Brasília e os centros históricos de Ouro Preto (MG), São Luís (MA) e Salvador (BA).
“Se os teatros da Amazônia virarem Patrimônio da Humanidade, ganhamos visibilidade mundial. Mais turismo, recursos, fomenta nossos eventos, nossa economia. É um ganho enorme para o nosso patrimônio”, finalizou Rebeca. O Theatro da Paz foi fundado em 15 de fevereiro de 1878, durante o período áureo do Ciclo da Borracha, quando ocorreu um grande crescimento econômico na região amazônica. Belém foi considerada a Capital da Borracha. Mas, apesar desse progresso a cidade ainda não possuía um teatro de grande porte, capaz de receber espetáculos do gênero lírico.
HISTÓRIA DO THEATRO DA PAZ
Buscando satisfazer o anseio da sociedade da época, o governo da então província contrata o engenheiro militar José Tibúrcio de Magalhães que dá início ao projeto arquitetônico inspirado no Teatro Scala de Milão (Itália). Foi a primeira casa de espetáculos construída na Amazônia e tem características grandiosas: 1.100 lugares (hoje com 900), acústica perfeita, lustres de cristal, piso em mosaico de madeiras nobres, afrescos nas paredes e teto, dezenas de obras de arte, gradis e outros elementos decorativos revestidos com folhas de ouro. Atualmente, é o maior teatro da Região Norte e um dos mais luxuosos do Brasil. Com cerca de 146 anos de história, é considerado um dos Teatros-Monumentos do País.
Orquestra Sinfônica do TP participa da programação
Depois de duas noites com o espetáculo “O Príncipe do Egito”, a Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz volta, nesta segunda, 26, ao palco da casa de espetáculos de Belém para o concerto “Ópera na Amazônia”, que faz parte da programação do XXIII Festival de Ópera do Theatro da Paz, com condução do maestro Miguel Campos Neto e com as vozes de Kézia Andrade e Antonio Wilson. A entrada é franca e os ingressos estarão disponíveis no site ticketfacil.com.br a partir das 9 horas de hoje ou na bilheteria do teatro duas horas antes do espetáculo.
O evento também faz referência à candidatura do Theatro da Paz a Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade junto à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Além do teatro paraense, o Teatro Amazonas, em Manaus, também será candidato a Patrimônio da Humanidade.
No repertório da noite, estarão autores como Giuseppe Verdi, Carlos Gomes, Gama Malcher , Giacomo Puccini, José Domingues Brandão, Waldemar Henrique e Octávio Meneleu Campos. A “Ópera na Amazônia” busca unir a grandiosidade das óperas internacionais à exuberância da floresta amazônica em uma noite.
A OSTP é regida por Miguel Campos Neto, que está à frente do corpo musical como maestro há 14 anos. Com diploma em regência pela Mannes School of Music de Nova York, tem atuações nos dois festivais de ópera mais importantes do Brasil, o de Belém e Manaus, e como convidado ele já regeu orquestras nacionais e internacionais na França, Porto Rico, Hungria, EUA, Espanha, entre outros, bem como as orquestras de Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Amazonas, Brasília, Minas Gerais, São Paulo, entre outros estados.
O tenor Antonio Wilson é atuante na cena Lírica do Pará desde sua estreia em 1996, tendo sido finalista em variados concursos nas regiões Norte e Nordeste. Já a soprano Kezia Andrade é formada em Canto Lírico, musicoterapeuta, e participa ativamente de eventos, recitais, concerto e óperas. (Da Redação)