CINEMA

The Killer (2024)

Eis que caiu de paraquedas no Prime Video, após ser ignorado nos cinemas brasileiros, simplesmente a refilmagem de “The Killer”, feita pelo próprio Woo

The Killer (2024)

Em 1989, o cineasta John Woo já era bem conhecido no seu país, a China, quando dirigiu um thriller de ação tão espetacular que influenciou diversos outros filmes, como “Cães de Aluguel”, “Matrix” e até “John Wick”. “O Matador” trazia uma trama direta, crua e ao mesmo tempo envolvente, cercada de violência, com muitas das marcas visuais que se tornariam correntes na assinatura do diretor: perseguições de carros, sangue, câmera lenta (lamento, Zack Snyder) e… pombos.

Eis que caiu de paraquedas no Prime Video, após ser ignorado nos cinemas brasileiros, simplesmente a refilmagem de “The Killer”, feita pelo próprio Woo. Aqui, ele mantém a base do gênero policial que dominou o cinema asiático entre as décadas de 1980 e 1990. Ação desenfreada, trama de traições e redenções, além de personagens ambíguos. Os ingredientes estão todos aqui, bem misturados, mas talvez não agrade a uma nova audiência acostumada aos poderes de heróis nos filmes de ação, ao invés de pessoas normais em situações extremas.

Independente disso, aqui temos mais uma mostra de que Woo está em perfeita forma. Ele é um mestre em trabalhar com jogos de câmera, longos planos sequências e enquadramentos estilizados. Isso com um roteiro que permite manter o ritmo da narrativa sempre na personagem principal e no policial antagonista (algo que também se repete nas tramas do diretor: manter essa dualidade de protagonismo).

Nathalie Emmanuel (excelente) faz uma assassina com um código moral de só matar bandidos e que enfrenta seus contratantes para defender uma jovem cantora que acaba ficando cega. Emmanuel exibe uma presença de cena fundamental para a ação funcionar, seja nas mudanças de personalidades ou cenas de embate. O francês Omar Sy também não faz feio como o policial honesto que fica na cola da personagem-título. Sam Worthington exibe grande carisma (quase inexistente até então) como um vilão caricato e charmoso.

Enfim, para quem é fã de filmes de ação competentes, como John Wick, é sempre bom ter contato com os realizadores orientais, que mesmo não criando o gênero, o filtraram e deram uma roupagem mais estilística e acelerada ao mesmo. Resta o lamento de não ter conseguido assistir a essa pérola nas telonas. O impacto ao espectador, com certeza, teria sido maior.

PS: John Woo passou 20 anos longe de Hollywood. Seu último filme tinha sido o razoável “O Pagamento”, de 2003. Voltou ano passado com o “O Silêncio da Vigança” que também está disponível no Prime Video.