Uma pesquisa Datafolha realizada com apoio da Fundação Itaú revelou que a inteligência artificial já é realidade na vida da maioria dos brasileiros. O levantamento mostra que 93% utilizam algum tipo de ferramenta de IA no cotidiano. O uso é diversificado: 47% recorrem à tecnologia para estudar, 50% para entretenimento e 70% para auxiliar em atividades de trabalho.
No setor de tecnologia, os exemplos são práticos. Samanta Padilha, gerente de Pessoas e Gestão em uma empresa de softwares, lembra que antes era necessário aguardar até 50 dias para concluir análises de desenvolvimento profissional. Hoje, com recursos de inteligência artificial, o tempo caiu para segundos, com planos individualizados sendo sugeridos automaticamente para os colaboradores. Para ela, o ganho é evidente, mas não substitui o olhar humano.
O alerta, no entanto, é unânime entre especialistas. “É fundamental que o profissional saiba avaliar se a resposta da IA faz sentido, aplicando valores, bom senso e juízo crítico”, reforça o CEO da mesma companhia, Bira Padilha.
O cofundador da AI Brasil, Pedro Chiamulera, chama atenção para os cuidados com dados sensíveis. Segundo ele, informações colocadas em plataformas podem ser compartilhadas sem controle, expondo empresas a riscos de vazamento. Já a advogada especialista em tecnologia e proteção de dados, Carla Battilana, destaca que a IA exige do usuário a mesma responsabilidade que qualquer outra ferramenta de suporte. “As instruções precisam ser claras, e os resultados devem ser revisados com atenção por alguém que domine o assunto”, afirma.
Casos recentes mostram o perigo do uso indevido. Na Califórnia, um tribunal multou em US$ 10 mil um advogado que apresentou citações falsas produzidas por inteligência artificial. No Brasil, um caso semelhante ocorreu em Londrina (PR), onde um profissional citou leis inexistentes em uma petição judicial.
Para Marco Fain, diretor operacional de uma empresa do setor, a experiência com informações sem curadoria quase resultou em prejuízo. “Sem validação humana, poderíamos ter entregue dados incorretos a um cliente. A IA pode enganar. Ela é ampla e trabalha com informações disponíveis na internet, mas isso não significa que tudo seja confiável”, explica.