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Tchau e até lá... (15/12/2022)

Dia 23, na antevéspera do Natal, será a despedida oficial da "Feira do Som" pela Rádio, TV e Portal Cultura. FOTO: Camila Lima/Divulgação
Dia 23, na antevéspera do Natal, será a despedida oficial da "Feira do Som" pela Rádio, TV e Portal Cultura. FOTO: Camila Lima/Divulgação

Quando o meu programa de rádio “Feira do Som” chegou a 45 anos no ar, muitas homenagens vieram a ele. Ao mesmo tempo bateu-me a pretensão imediata de encaminhá-lo em direção ao meio século. E por que não? Então o fiz. Agora, em suas “bodas de ouro”, justo quem o criou está sentenciando-lhe o fim. Não me arrependo da decisão. Sei ter criado o hábito da escuta todo dia, ao meio-dia, especialmente para quem sai do trabalho ou busca os filhos no colégio. Mas já estava na hora da Feira acabar. Tinha 21 anos quando a comecei, ao lado do Edyr Augusto, na PRC-5. Eu e ele, jovens, idealistas e ousados, criamos uma espécie de jornal cultural, divulgando lançamentos de discos, exposições de arte, edição de livros e fazendo entrevistas, tanto regionais quanto nacionais.

Quando o Edyr saiu em direção a outros projetos, eu continuei a Feira. Lutei por ela nutrido de confiança naquela proposta, em seu valor para o meio artístico. O programa passou uma chuva, posteriormente, na Rádio Cidade Morena, para depois consorciar-se para sempre com a Rádio Cultura, nos tempos de Francisco César como presidente da Funtelpa. Tal casamento suportou pequenas tempestades causadas por questiúnculas político-partidárias ao longo de algumas administrações. Porém, a força e o prestígio adquiridos com a sua meta original consolidaram-se de tal forma que as tentativas de destruí-la acabaram infrutíferas.

Hoje, depois de 50 anos, já tenho 71 de idade. E creio que a Feira, neste meio século, cumpriu seu papel fundamental para nossa cultura. Perdoem, talvez, a falta de modéstia. Mas, quando a comecei, ainda não havia internet, tampouco Google, redes sociais etc. Os jornais nem dispunham de cadernos de cultura. Contemporaneamente, há mil “feiras do som”, na prática, espalhadas por aí. Não estou saindo de cena. Penso aproveitar meu fôlego e disposição para ainda tocar para frente ideias sempre tencionadas à exaltação cada vez maior de nossa melhor cultura, desafiando a cruel matemática capitalista da indústria do entretenimento. Por isso, dedicar-me-ei a outras linguagens dos atuais meios de comunicação. Tentarei dispor de intimidade com elas, permanecendo, desse modo, fiel àquilo que sempre busquei projetar na Feira.

Quero agradecer as milhares de congratulações que tenho recebido e dizer de minha emoção com as tantas homenagens. Sentir-se útil é muito gratificante. Premia uma velha luta. Dia 23, na antevéspera do Natal, será a despedida oficial pela Rádio, TV e Portal Cultura. Estaremos juntos mais uma vez. Tchau e até lá…

Em fevereiro de 2023, “Samborium” vai sair em LP. FOTO: Dasha Dare com arte de Juliano Domingues

O Samborium de Dom Salvador

Surpresa agradável: aos 84 anos e cheio de saúde, em New York, o pianista brasileiro Dom Salvador acaba de lançar um disco com composições inéditas. “Samborium” foi gravado no Astoria Soundworks por Dave Darlington contando com as participações de Gili Lopes (baixo) e Graciliano Zambonin (bateria). Celebrado na década de 1960 por adicionar soul e funk ao samba jazz, Dom Salvador mostrou sobretudo habilidade técnica e arrojo em “Samborium”. Ele homenageou Thelonious Monk (1917 – 1982) em “Criss Cross”, “Monk’s Mood” e “Pannonica”, Billy Strayhorn (1915 – 1967) em “Upper Manhattan” e a ele mesmo nos temas “Gafieira” e “Samba da Esquina”. Prevaleceu o jazz tradicional, carregado de toques latinos. Também um semi-plágio de “Não Sonho Mais”, de Chico Buarque (sucesso de Elba Ramalho) em “Gafieira”. Faltou alguém avisar ao velho Dom. “Samborium” sairá debaixo de versão em vinil a partir de fevereiro.

SHORTS

Quinta-feira, a antessala do final de semana, o dia em que a gente já toma a primeira…

NILSON CHAVES EM SANTARÉM
Amanhã, Nilson Chaves fará um show acústico em Santarém, mais precisamente no Tombadilho do Iate Clube local.

PAYSANDU
O amigo jornalista Ferreira da Costa comunica à torcida do Paysandu que já concluiu a edição do livro da história do Papão da Curuzu. A versão conta com 474 páginas e mais de 250 fotografias históricas. Os bicolores que estiverem interessados deverão manter contato com o autor através do email [email protected] para reservas.

THE BEATLES TUNE IN
A editora Belas Letras acaba de lançar, em dois volumes, o livro “The Beatles Tune In” falando do começo da carreira dos Beatles. Ela diz que há revelações inéditas na publicação. Tudo na casa dos 620 reais. Caro, mas nada que intimide os empedernidos. Quem se interessar basta entrar no site da editora.

Quinta-feira, a antessala… Divirtam-se!