COLUNA

Superman: Olhe pra cima e contemple a mensagem

Novo Superman de James Gunn é um símbolo de justiça e bondade em um mundo cada vez mais cínico e movido pela mentira

Superman: Olhe pra cima e contemple a mensagem

Em um mundo cínico e movido pela mentira, a bondade e a luta pela justiça são comportamentos ingênuos? Ainda mais vindos do homem mais poderoso do mundo? Essa dicotomia sempre permeou as histórias do Superman, desde a sua criação em 1933, em um mundo onde havia países divididos por guerras e um Estados Unidos arrasado pela grande recessão. E o planeta de hoje não difere muito daquele: Guerras ainda deixam vítimas inocentes e o mundo vive crises frequentes na economia, motivadas principalmente pela sede de poder e dinheiro na questão da tecnologia.

Nesse contexto mundial, James Gunn resolveu lançar sua versão de Superman (2025), após alguns anos de espera. É uma versão do herói mais simples, colorida e num tom otimista que sempre permeou as histórias do Homem de Aço, mas que foram suplantadas a partir dos anos 1990 e pelo diretor Zack Snyder. Para quem gosta de quadrinhos, é um deleite visual e narrativo. Gunn é, hoje, o diretor e também roteirista que melhor sabe trabalhar a relação entre quadrinhos e cinema.

O diretor sempre tem clara a estética que quer para seus filmes. Dessa vez, investiu em um mundo colorido e cheio de humor, mesmo com muita violência estilizada envolvida. Como roteirista, sabe trabalhar a relação entre muitos personagens e fazer seus poderes e personalidades trabalharem em favor da história. Além de ter um senso de humor que passeia entre o infantil e o sádico.

Outra qualidade dele é saber situar as histórias em contextos específicos. No caso aqui, nos conflitos desiguais entre nações e o domínio das grandes corporações de internet, estimulando embates sociais e políticos.No caso, temos Lex Luthor, às voltas com diversos planos para acabar com Superman, enquanto Clark Kent tenta levar uma vida normal como repórter e diante do romance com Lois Lane.

Outra característica, digamos, “Gunniana” é saber trabalhar com muitos personagens. Aqui são vários com função narrativa, com destaque para os que são cheios de personalidade: Lois Lane (Rachel Brosnahan, encantadora), Lanterna Verde (Nathan Fillion, abusando da esquisitice) e Sr. Incrível (Edi Gathegi, divertidíssimo). Além, claro, de David Corenswet, que expressa as qualidades do personagem principal com segurança.

É a velha visão otimista do herói, que sempre procura ser gentil e responsável mesmo em situações muito adversas. Para ele, toda vida importa e ser feliz é a maior transgressão social que se pode ter nos dias de hoje. Uma mensagem curiosa para um filme de grande estúdio passar. Irão sobrar só os “macaquinhos de ódio” do Luthor para criticar.