SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Quase sete meses após o primeiro voo integrado do Starship, o foguete mais poderoso já feito, a SpaceX, empresa de Elon Musk, recebeu autorização da Agência Federal de Aviação americana (FAA, em inglês) para realizar um segundo voo teste. O lançamento está marcado para as 10h (de Brasília) desta sexta-feira (17) na base de Boca Chica, no Texas.
A partir desse horário, a SpaceX terá uma janela de duas horas para realizar o lançamento da espaçonave, que poderá ser utilizada em missões rumo à Lua e a Marte. Caso ocorra algum imprevisto, o voo teste pode ser adiado.
Em um comunicado, a FAA afirmou que a empresa de Musk “atendeu aos requisitos de responsabilidade em termos de segurança, meio ambiente, regulamentação e finanças” depois do incidente no primeiro teste orbital.
Em 20 de abril deste ano, o foguete decolou pela primeira vez em sua configuração completa da base de Boca Chica. Mas vários motores não funcionaram e as duas partes (Starship e o propulsor) não se separaram, o que deveria ter ocorrido três minutos após o lançamento.
O foguete girou algumas vezes no ar, descontrolado. As equipes da SpaceX, então, deliberadamente o fizeram explodir passados quatro minutos de voo a uma altura de 40,23 km. Os engenheiros da empresa costumam chamar essa detonação pela sigla RUD, ou “rapid unscheduled disassembly” (desmontagem rápida não programada).
O único objetivo declarado do voo era deixar a plataforma de lançamento de forma segura, o que ocorreu. Por isso, a SpaceX fez uma análise positiva da missão.
“O sucesso vem do que aprendemos, e o teste de hoje irá nos ajudar a melhorar a confiabilidade do Starship conforme a SpaceX busca tornar a vida multiplanetária. Parabéns a toda a equipe num empolgante primeiro voo-teste integrado do Starship!”, escreveu a empresa na plataforma X, antigo Twitter, com o discurso alinhado à ambiciona missão de colonizar Marte num futuro não tão distante.
Encerrado o teste, a FAA conduziu uma investigação técnica e recomendou que a SpaceX implementasse 63 medidas corretivas antes de uma nova tentativa de lançamento.
Em setembro, a agência se manifestou e atribuiu a explosão do Starship a “múltiplas causas”. O documento resumiu algumas das ações corretivas como mudanças de hardware para evitar vazamentos e incêndios e reforço da plataforma de lançamento do foguete para evitar uma tempestade de detritos e areia. No primeiro lançamento, toda a plataforma foi desintegrada.
Além disso, um sistema de “dilúvio” de água com borrifadores que são liberados ao ligar os motores foi instalado e testado para atenuar as ondas acústicas e limitar vibrações contraproducentes.
O Starship consiste em uma cápsula reutilizável de aproximadamente 50 metros de altura, para transporte de equipe e carga, localizada sobre o propulsor em primeiro estágio Super Heavy, com cerca de 70 metros e 33 motores, o maior número já utilizado.
O veículo gera 7.600 toneladas de impulso no lançamento, mais do que o dobro da potência dos foguetes Saturn 5 que levaram a missão Apollo à Lua.
A verdadeira inovação do Starship Super Heavy é ser completamente reutilizável, e as duas etapas são projetadas para retornar e pousar em sua plataforma de lançamento, o que permite reduzir os custos.
A Nasa é uma das maiores interessadas no sucesso do lançamento, uma vez que já escalou o Starship para levar astronautas à Lua na missão Artemis 3 (atualmente marcada para o fim de 2025). Se confirmado, será o primeiro retorno de seres humanos à superfície lunar desde o fim do programa Apollo, em 1972.