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Só um banho de descarrego salva

Só um banho de descarrego salva

A Marvel parece viver a sua maior crise no cinema desde que decidiu criar o MCU, com “Homem de Ferro”, lá em 2008. Afinal, desde “Vingadores: Ultimato” (2019) o estúdio não consegue emplacar um grande sucesso de público e crítica. Tem “Homem-Aranha, Sem Volta para Casa”, claro, mas é importante registrar que este é feito em parceria com a Sony. “Eternos”, Shang-Chi” e “Viúva Negra” deixaram a crítica de orelha em pé e, mesmo fazendo dinheiro, não deixaram saudades entre os fãs. “Doutor Estranho – No Multiverso da Loucura” foi bem divisivo e as séries do Disney Plus sofrem da falta de “buzz”, mesmo com heróis relativamente conhecidos e alguma liberdade criativa.

Eis que chegamos a “Homem-Formiga e a Vespa – Quantumania”, que não apenas é o pior filme da mitologia Marvel nos cinemas, como foi massacrado pela crítica e público, e deve suar para chegar aos US$ 500 milhões de bilheteria no mundo, um fracasso para os padrões da empresa/editora pertencente à Disney.

O insucesso deste aqui já rendeu, com a demissão da executiva Victoria Alonso e que deve gerar alguma correção de rota da produtora e seu principal mandatário, Kevin Feige.

Sobre “Homem-Formiga”, é um equívoco do início ao fim. Primeiro, pelo diretor, Peyton Reed, decidir filmar quase tudo com um chroma key horrível e efeitos especiais que parecem saídos de uma produção para a televisão. É até compreensível que ele quisesse criar um mundo novo no reino quântico, mas os excessos e a falta de alguma coesão incomodam. Um pouco de efeitos práticos como os usados em “Star Wars” viriam a calhar também.

Isso não seria um problema tão grande se o roteiro fosse bom, mas o que temos é uma história que recicla coisas que a própria Marvel já fez, mas com diálogos risíveis e motivações escassas. Sem contar as cenas de ação pobres e batalhas sem nenhum tipo de peso dramático, piorando com uma montagem que nos impede de assistir com clareza ao que acontece em tela. E se Paul Rudd ainda se apoia no carisma que tem no personagem principal, o resto do elenco parece deslocado, com piadinhas fora de tom e falta de um mínimo de construção dramática. Um desperdício do talento de Michael Douglas e Michelle Pfeiffer, além de uma ponta sem graça de Bill Murray.

Será que ninguém assistiu a isso e pensou que não era uma boa ideia começar uma nova fase de filmes de heróis com algo tão básico e, pior, apresentar o que seria o próximo grande vilão do MCU nos próximos anos de uma maneira tão desleixada que compromete até o nível de ameaça que este representaria? A pá de cal, claro, foi a prisão, esta semana, do ator que interpreta Kang, Jonathan Majors, por violência doméstica, deixando em dúvida ainda mais o planejamento da empresa para os próximos anos.

Talvez seja hora do senhor Kevin Feige comprar uns banhos na feira do Ver-o-Peso para acabar com essa “uruca” que atingiu a Marvel nos dois últimos anos. Fica a dica…