A saúde humana assumiu protagonismo na pauta climática global. Durante a Cúpula das Nações Unidas, realizada no mês de setembro em Nova York, a vice-ministra da Saúde, Mariângela Simão, afirmou que o Plano de Ação de Saúde de Belém será o eixo central da proposta brasileira para a COP30, que acontecerá na capital paraense em novembro.
O plano propõe a integração entre as agendas de saúde pública e mudanças climáticas, reconhecendo que o impacto ambiental já se traduz em aumento de doenças, insegurança alimentar e perdas econômicas significativas. A iniciativa foi desenvolvida pelo governo brasileiro com apoio de instituições de pesquisa e inovação, e será apresentada como uma estratégia de referência para países tropicais.
Segundo dados divulgados pela SAIL for Health, 75% das doenças infecciosas emergentes têm origem animal, e mais de 60% das doenças infectocontagiosas são agravadas por eventos climáticos extremos, como enchentes e secas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 2023 e 2025 o calor excessivo pode estar relacionado a 250 mil mortes anuais por desnutrição, malária, diarreia e estresse térmico.
Estudos também relacionam as ondas de calor ao aumento de partos prematuros, baixo peso ao nascer e anomalias cardíacas. Do ponto de vista econômico, as perdas diretas com danos à saúde podem chegar a US$ 4 bilhões até 2030, enquanto o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) projeta uma redução de 4,7% no PIB brasileiro devido à perda de bem-estar causada pelas mudanças climáticas.
Impactos no Sistema de Saúde e Economia
Os efeitos já se refletem no sistema de saúde: casos de dengue e chikungunya nos últimos dez anos custaram R$ 1,2 bilhão ao SUS. No setor produtivo, 20% das perdas globais na pecuária estão associadas a doenças infecciosas, e 525 milhões de pessoas sofrem com insegurança alimentar em decorrência de impactos do clima sobre as safras.
Para a Marina Domenech, fundadora e CEO da SAIL for Health, o Brasil vive um momento estratégico: “Temos uma biodiversidade única e uma janela de oportunidades para posicionar o país como liderança mundial no desenvolvimento de soluções científicas e tecnológicas voltadas à saúde e à adaptação climática.”
Com sua imensa diversidade biológica e vulnerabilidade natural a fenômenos extremos, o Brasil se torna palco central dessa discussão global. A expectativa é que o Plano de Ação de Saúde de Belém reforce o protagonismo do país na COP30, ao transformar a Amazônia em símbolo de inovação científica e justiça climática.
Editado por Luiz Octávio Lucas