A decisão em 180 minutos termina neste domingo (11) à tarde, de qualquer maneira, no Mangueirão. Vencedor do primeiro jogo por 3 a 2, o Remo entra com a vantagem do empate, confiante no entrosamento do time. O PSC, que vendeu caro a derrota na quarta-feira, ampara suas esperanças na tradição de superação em confrontos decisivos.
Os dois times têm desfalques e dúvidas. Zagueiro titular do PSC, Novillo está fora da partida, em função da contusão sofrida, junto com Jaderson. O protocolo de concussão prevê um prazo mínimo de 10 dias para retorno aos gramados. O argentino será substituído por Quintana.
Jaderson desfalca o Remo, e não é um desfalque qualquer. O camisa 10 é o principal jogador de criação e articulação da equipe. Não tem substitutos para o clássico, pois o recém-contratado Régis não está inscrito na competição. O meia-atacante Dodô, que poderia ser uma alternativa, não vem sendo utilizado por Daniel Paulista. Guty não vem atuando.
São ausências importantes que afetam a organização dos times. A de Jaderson, porém, tem peso maior. Ele é um meia de grande mobilidade, que atua entre as duas intermediárias, dividindo-se entre marcação e distribuição de jogo. Sem ele, o Remo precisará redimensionar seu meio-campo, com a provável entrada de Pedro Castro, de características completamente diferentes.
No PSC, a substituição de Novillo não será um problema. Quintana entrou nos minutos finais do clássico de quarta-feira, voltando à equipe após ficar de fora de várias partidas. A diferença é que Novillo vinha se consolidando pela sobriedade e qualidade nos desarmes. Apesar de bom no jogo aéreo, Quintana não passa a mesma segurança.
Para a parte ofensiva, predomina o equilíbrio. O PSC terá sua formação titular: Borasi (ou Benitez), Nicolas e Rossi. Funcionou bem na criação de chances no 1º tempo do clássico anterior, embora falhando nas finalizações.
O Remo terá que produzir uma atuação melhor de seus atacantes. Com exceção de Janderson, que atuou muito bem e marcou um gol, Pedro Rocha e Felipe Vizeu ficaram devendo, principalmente o segundo, encaixotado entre os zagueiros bicolores na maior parte do tempo.
Caso Daniel Paulista repita hoje o formato utilizado na Série B, o lateral-esquerdo Sávio será novamente encarregado do apoio ao ataque, aproximando-se de Pedro Rocha. Fisicamente bem, teve participação nos três gols do Remo no último Re-Pa.
O PSC também tem um trunfo importante pelos lados. É o lateral-direito Edilson, um dos melhores na quarta-feira passada, com participação constante nas jogadas ofensivas, principalmente no 2º tempo.
Como se vê, o equilíbrio técnico previsto antes da decisão tem tudo para prevalecer até o apito final.
Bola na Torre
Guilherme Guerreiro comanda o programa, a partir das 23h, na RBATV, com a participação de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em pauta, a decisão do Campeonato Paraense e a cobertura completa da festa dos campeões. A edição é de Lourdes Cezar e Lino Machado.
A esperança e o Clássico-Rei
Um sentimento curioso divide azulinos e bicolores antes do grande e decisivo clássico. O otimismo domina as duas torcidas, apesar da vantagem ostentada pelo Remo após a vitória na quarta-feira. Ocorre que o placar de 3 a 2 é autoexplicativo quanto às dificuldades e alternâncias que o embate mostrou. Apesar de um início melhor por parte dos azulinos, marcando 2 a 0 em 22 minutos, a partida foi acirrada e indefinida até o fim.
As palavras do técnico Luizinho Lopes, proferidas ainda no calor do jogo, foram importantes para manter a Fiel torcida mobilizada, acreditando na reversão do placar no confronto deste domingo. A grande procura por ingressos confirma que a fé na conquista do título segue viva.
Luizinho Lopes fez questão de mencionar a importância de saber disputar partidas que valem títulos. Acentuou a entrega de seu time, a quantidade de faltas cometidas e o esforço em busca do resultado ao longo do 2º tempo. Estabeleceu ali uma diferença em relação ao que o Remo mostrou em alguns momentos do confronto, principalmente quanto à marcação.
Ao contrário de seu oponente, o técnico Daniel Paulista valorizou a vitória sobre o rival, mas conteve-se nos limites da avaliação técnica, evitando um discurso mais emocional. Talvez esteja certo do ponto de vista normal das coisas. Ocorre que uma batalha entre Remo e Paysandu sempre foge à normalidade dos demais jogos.
Há algo de animicamente diferente na disputa do clássico-rei da Amazônia. A rivalidade se expressa não só nas arquibancadas. Invade o campo, mesmo com times formados por uma legião de atletas nascidos em outros Estados e países. Todos sabem da importância histórica que um triunfo tem.
No primeiro jogo, Luizinho Lopes captou isso de forma mais precisa, entendendo o que é de fato um Re-Pa. No segundo duelo, Daniel Paulista tem a oportunidade de mostrar que não passou batido em relação a isso.