O Re-Pa 779 tem tudo para ser o mais empolgante disputado na temporada. Até o momento, os rivais disputaram três clássicos, todos pelo Campeonato Paraense. O equilíbrio prevaleceu: uma vitória para cada lado e um empate. Neste sábado, às 18h30, é certo que acontece o tira-cisma.
Por uma razão bem natural. Remo e PSC precisam da vitória porque o empate é péssimo negócio para ambos a essa altura da competição. Um busca voltar para o G4. O outro tenta sair da lanterna e emendar uma sequência vitoriosa depois de 11 rodadas de tropeços.
São missões opostas, mas com o mesmo grau de dificuldades. Para alcançar seus objetivos, ambos terão comandantes que nunca trabalharam como (técnicos) no clássico. Claudinei Oliveira, do PSC, disputou o jogo como goleiro do Remo no início dos anos 2000.
Como técnico, Claudinei leva a pequena vantagem de ter estreado no comando do Papão na sexta-feira da semana passada, quando comandou o time na vitória sobre o Botafogo-SP, a primeira na Série B.
Do lado remista, o português Antônio Oliveira chegou no começo desta semana, conheceu os pontos turísticos e a gastronomia paraense, mas só foi apresentado formalmente como técnico da equipe na sexta-feira, 20. Embaraço de ordem burocrática retardou a assinatura do contrato.
No papel de novo comandante, Oliveira tem que mandar a campo um time capaz de superar a má apresentação da 12ª rodada, quando o Remo perdeu para o Athletico-PR, em Curitiba. Por sorte, terá à disposição quase todos os jogadores que estavam lesionados, incluindo o artilheiro Pedro Rocha.
A responsabilidade de Claudinei não é menor. Com a oferta de 10 reforços, que chegaram praticamente junto com ele, precisa avaliar se é hora de mexidas radicais no time ou se prestigia os remanescentes da campanha sob a direção de Luizinho Lopes. Deve ficar no meio-termo. Benitez, muito questionado pela torcida, pode perder lugar para o novato Diogo Oliveira.
Como se vê, problemas e desafios de tamanho parecido.
Torcidas responsáveis por um grande privilégio
Poucos são conscientes do tremendo privilégio que é ter um clássico com espaço para duas torcidas, lado a lado, vibrando e se esgoelando antes, durante e depois que a bola rola. O Re-Pa é assim, por enquanto. Apesar das hostilidades e ações violentas, vistas em muitos momentos, torcedores azulinos e bicolores ainda compartilham o Mangueirão.
É quase um milagre que isso permaneça valendo até os dias de hoje, depois que grande parte das capitais brasileiras aboliu a presença de duas torcidas rivais em clássicos regionais. A explicação é simples para o sistema de torcida única em Belo Horizonte e Porto Alegre: o imenso trabalho que é cuidar de gente turbulenta e belicosa nos estádios.
Clubes e órgãos de segurança preferem não assumir a missão de administrar rivalidades. Não se pode condená-los por isso, mas que é um crime de lesa-futebol, ah isso é. Poucas cenas são tão empolgantes quanto a visão de duas torcidas postadas frente a frente, explodindo de entusiasmo e felicidade enquanto seus times se enfrentam em campo.
Sempre que o Re-Pa acontece, é justo que se observe e valorize essa condição cada vez mais rara, com a sensibilidade de entender que a responsabilidade é de todos – torcidas, clubes, jogadores, FPF. Por isso, cada novo confronto entre os rivais é também um teste civilizatório.
Os 50 mil torcedores que irão ao Mangueirão neste sábado (21) têm a missão especial de fazer com que tudo comece e termine bem.
Bola na Torre
Guilherme Guerreiro apresenta o programa, a partir das 23h30 (após a final da NBA), na RBATV. Participação de Giuseppe Tommaso e deste escriba Baião. Em pauta, o Re-Pa 779, válido pela 13ª rodada da Série B. A edição é de Lourdes Cezar e Lino Machado.
Botafogo vive noite histórica e consagradora
A batalha contra o PSG foi daquelas noites inesquecíveis, que só o Botafogo é capaz de proporcionar, para o bem e para o mal. Contra o melhor e mais agressivo time do mundo, o sistema tático elaborado por Renato Paiva funcionou às mil maravilhas. O jogo foi sofrido, mas heroico na maior parte do tempo.
Preciso admitir que quase ninguém acreditava, nem eu. Temia um vexame de proporções mundiais. Desde que ficou definido por sorteio o grupo do Botafogo na Copa do Mundo de Clubes, integrado por PSG e Atlético de Madrid, não consegui me afastar da preocupação com um tombo histórico.
A instabilidade do time no Campeonato Brasileiro contribuiu para tornar a expectativa ainda mais sofrida. A estreia contra o Seattle Sounders, com um magro 2 a 1, confirmou meus piores temores em relação ao PSG, todo-poderoso campeão da Europa, metido a surrar todo mundo.
O gol, tipicamente alvinegro, foi construído com troca rápida de passes e finalizado com a categoria de Igor Jesus. Mais que a comemoração pela mítica vitória, desfrutei nas últimas horas do orgulho de achar que o Botafogo é quase assim um campeão mundial. Afinal, bateu o time que deveria ser o outro finalista numa hipotética decisão desta Copa.