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Quem são os zumbis?

Legenda: Nick Offerman e Murray Bartlett vivem um romance improvável no fim do mundo
Legenda: Nick Offerman e Murray Bartlett vivem um romance improvável no fim do mundo

Eu nunca joguei The Last of Us, jogo exclusivo para o Playstation, mas fiquei animado quando soube que a HBO iria fazer uma adaptação para o canal, principalmente pela participação dos envolvidos: Craig Mazin (diretor e produtor da ótima minissérie Chernobyl), do ator Pedro Pascal (o nosso Mandaloriano) e também do criador do game original e sua sequência, Neil Druckmann. O pouco que soube da história, entendi que é um drama pós-apocalíptico que trata mais das relações humanas que propriamente atirar em zumbis contaminados por fungos.

A série iniciou com dois ótimos episódios de construção de enredo e alguma ação envolvendo os protagonistas, um homem que remói uma tragédia há 20 anos e uma garota que pode ser a cura da humanidade. Como se vê, nada muito original, mas construído com competência técnica e delicadeza temática, rapidamente tornando a obra a sensação da temporada.

O que nos traz ao o terceiro episódio e sua “não-polêmica”, que atiçou os haters na internet, movidos apenas pela homofobia.  “Long, Long Time” foi praticamente um filler de temporada, contando uma história avessa ao caminhar da dupla de protagonista, trazendo dois novos personagens, Bill e Frank, que se conheceram já no meio da infestação de monstros e viveram uma história de amor e paz, enquanto o mundo lá fora se destruía.

Por uma hora e vinte minutos, acompanhamos uma história terna, repleta de rotinas e pequenos detalhes. Bill e Frank compartilham pequenos momentos de alegria e companheirismo, até que a saúde começa a cobrar o preço da precariedade social e eles têm uma decisão difícil para tomar. É difícil não se emocionar, principalmente pela segurança com que Druckmann dirige o episódio, a trilha sonora e, principalmente, pelo trabalho impecável dos atores Nick Offerman e Murray Bartlett.

Enquanto Offerman transforma Bill em um homem paranoico, mas extremamente inteligente, capaz de montar armadilhas para evitar ataques de zumbis e humanos, Bartlett encarna Frank como o exato oposto, com um ar calmo, criando um equilíbrio emocional entre os dois. Enquanto a trama se encaminha para um fim trágico, fica no ar um sentimento agridoce, mostrando que a vida passa a valer a pena quando a caminhada é mais importante que o final.

E se isso parece estranho em uma série distópica, isso só mostra o nível de amadurecimento que os produtores demonstram até aqui e que (espero), mantenham até o final, algo que The Walking Dead perdeu pelo caminho, mais importante que mortes em profusão e sustos. E, sim, a trama principal continua importante, já que no final sabemos da importância daqueles dois para o protagonista, Joel e como ele irá se portar daqui por diante.

Para quem ficou incomodado e perdeu tempo indo para a internet baixar a nota do episódio nos sites de críticos ou xingar os criadores, um recado: as pessoas LGBTQIA+ estão no nosso meio social e não irão sair mais, e isso inclui a cultura pop, sejam como criadores ou personagens, quer vocês queiram ou não. É só procurar outra coisa para ver, simplesmente.