Os incêndios ocorridos nos meses de julho e agosto em todo o país causaram prejuízos de R$ 14,7 bilhões para 2,8 milhões de propriedades rurais atingidas pelo fogo. Proprietários rurais do Pará tiveram R$ 2 bilhões de prejuízos, segundo estimativa feita pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Os dados consideram danos à produção de bovinos de corte, de cana-de-açúcar e na qualidade do solo. Além do Pará, os estados com maiores impactos nessas atividades foram São Paulo (R$ 2,8 bilhões), Mato Grosso (R$ 2,3 bilhões), e Mato Grosso do Sul (R$ 1,4 bilhão).
De acordo com a CNA, os prejuízos puderam ser apurados e precificados com base no custo de reposição da matéria orgânica em toda a área agropecuária queimada; pelas perdas ocasionadas na produção de cana-de-açúcar que ainda não tinha sido colhida; na produtividade do rebanho em razão da limitação de pasto; nas perdas de cercas em áreas de pastagem; e perda de fósforo e potássio nas camadas superficiais dos solos.
Os prejuízos estimados são de R$ 8,1 bilhões com pecuária e pastagem, R$ 2,7 bilhões com cana-de-açúcar (a maior parte em São Paulo), R$ 2,8 bilhões com cercas e R$ 1 bilhão com outras culturas temporárias ou permanentes existentes nas mesmas áreas.
A CNA usou dados do Mapbiomas, do Laboratório de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento da Universidade de Goiás (Lapig/UFG) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para levantar as áreas queimadas e estimar os valores.
A entidade afirma que não considerou prejuízos das culturas e gastos que pudessem ser caracterizados como individuais, como as benfeitorias, os maquinários, os investimentos que serão necessários para a recuperação e renovação das áreas afetadas e as perdas de produtividade pela intensidade do fogo na própria área ou em áreas adjacentes.
No documento, a Confederação Nacional da Agricultura orienta agricultores e pecuaristas sobre como evitar prejuízos e sobre sanções ambientais em casos de incêndios. A CNA também critica “acusações não nominais e coletivas de produtores rurais como responsáveis por esses incêndios” e diz que não há nexo causal.
“Os produtores rurais são, com certeza, os maiores prejudicados com os incêndios florestais (…) e são vítimas das práticas criminosas vivenciadas nos últimos meses”, diz nota técnica da CNA, divulgada ontem, 26.
No documento, a CNA ressalta que a legislação brasileira prevê o uso do fogo como técnica agronômica ancestral em determinadas situações e cita a lei, sancionada neste ano pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que institui a Política Nacional de Manejo
Integrado do Fogo.
A entidade aponta ainda que os incêndios criminosos são uma “contraposição ferrenha aos esforços do setor agropecuário na implementação de técnicas de agricultura de baixo carbono”.