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Preços do ovo e frango continuam caros em Belém

Muller Teixeira conta que percebeu o reajuste nos preços. Nazaré Maia explica que nem sempre dá pra segurar os preços das coxinhas de frango que vende
Nazaré Maia, vendedora de coxinha. Impactos no preço do frango e ovos com fechamento de paises que esportavam a proteina do Brasil. Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

Os preços médios do frango e dos ovos comercializados em supermercados de Belém nos últimos 12 meses apresentaram variação de até 39%, segundo o estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese/PA), obtido com exclusividade pelo DIÁRIO. A logística de produção e transporte dos produtos são fatores que impactam diretamente no valor final. A identificação do primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil acendeu o alerta dos consumidores que temem uma elevação ainda maior no preço dos produtos.

Muller Teixeira, consumidor. Impactos no preço do frango e ovos com fechamento de países que exportavam a proteína do Brasil. Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

“O preço do frango e do ovo realmente aumentaram bastante e agora com essa doença não sei como vai ficar. Aqui, se eu aumentar de preço os clientes reclamam, mas tem vezes que não dá para segurar o aumento”, afirmou Nazaré Maia, 64, que tem uma barraca de lanches na avenida Alcindo Cacela, em Belém. Segundo o Dieese/PA, nos primeiros meses de 2025, o frango resfriado da marca Americano aumentou 19,90% e da marca Avispará, 9,34%. Já no frango congelado, a elevação de preço para as duas marcas foi de 13,32% e 4,21%, respectivamente.

O aumento também não passou despercebido por Muller Teixeira, 74: “outro dia fui comprar um frango assado que custava 38 e agora já subiu para mais de 40. O ovo então, nem se fala”. No primeiro quadrimestre deste ano, o Dieese aponta que a dúzia do ovo Top subiu 39,10% e o Gaasa, 17%. Já a embalagem com 30 unidades elevou em 21,39% e 15,42%, respectivamente. “Quando se fala na comercialização e distribuição de ovos no Norte e na Amazônia, o desafio é a extensão territorial e o inverno que dificulta o acesso nas estradas e pontes. As distâncias maiores elevaram o preço consideravelmente”, explica o Supervisor Técnico do Dieese/PA, Everson Costa.

MALABARISMO

Impacto nos Consumidores e Estratégias de Compra

O cenário exige um malabarismo para garantir o melhor preço e não deixar a proteína faltar na mesa. “Tem lugares que a unidade do ovo custa R$1,10, mas já consegui comprar a R$1,00. O kg da coxa do frango, por exemplo, eu comprava por R$13,00, às vezes a R$12,00, mas agora está R$14,00”, relatou a dona de casa Rosana Ferreira, 45. “A produção de frango e ovos na região ainda não dá conta de suprir a demanda sozinha, por isso dependemos desses produtos que vêm de outros estados e que impactam na formação final de preço por aqui”, frisou o supervisor do Dieese.

Perspectivas do Setor Avícola e Expectativas de Redução

Apesar do cenário de aumento, na análise do Departamento Intersindical, o setor avícola espera uma diminuição nos valores. “Não dá para cravar de quanto será a queda, mas a redução esperada é de 10% a 20%. Nos produtos que apresentam aumento de quase 40%, por exemplo, a perspectiva é chegar a uma redução de pelo menos ⅓”, afirmou Costa. “A expectativa da queda de frango é justa, mas para além disso, estamos falando de milhares de famílias de assalariados que querem levar a proteína para casa”, finalizou.