A Copa Verde começa para os times paraenses sob uma perspectiva de favoritismo nas primeiras fases. O PSC recebe o Humaitá (AC), amanhã, às 20h, em Belém, na condição de um dos times cotados para decidir o título do torneio. A Tuna (foto), com um time inteiramente reconstruído nos últimos meses, estreia hoje (22h) diante do Rio Branco na capital acreana.
É precipitado afirmar que o Pará vai dominar a banda nortista da competição, pelo simples fato de que o futebol não permite certezas absolutas. Ocorre que, ao longo de todas as edições da Copa Verde, o Pará esteve sempre em vantagem sobre os rivais regionais.
O PSC tem duas conquistas e o Remo venceu uma vez, enquanto amazonenses, rondonienses, roraimenses, acreanos e amapaenses não passaram das fases iniciais – exceção para Santos (AP) e Manaus (AM) que conseguiram chegar à semifinal, uma vez cada.
Sem o arquirrival Remo pela frente, ao PSC cabe fazer uma caminhada menos pedregosa. Com o mesmo time que disputou a maioria dos jogos da Série C, o Papão reúne as condições necessárias para atravessar todas as etapas sem maior sobressalto.
Talvez enfrente alguma resistência nas semifinais, quando deverá enfrentar a Tuna, apesar das limitações óbvias do time treinado por Josué Teixeira. A vantagem bicolor acentua-se ainda mais com os reforços recém-contratados – atacante Mateus Batista, lateral direito Tiago Ennes e volante Kauê.
Enquanto os outros times encontraram dificuldades para montar elenco em condições de disputar o torneio competitivamente, o PSC manteve a base da equipe do Brasileiro e ainda enxertou com novos jogadores para substituir os atletas que pediram dispensa.
A defesa segue a mesma, com Tiago Coelho (que não joga amanhã); Leandro Silva, Genilson, Naylhor e Patrick Brey. Idem para o setor de meio-campo: Mikael, João Vieira e José Aldo. No ataque, a mesma formação que terminou a disputa da Série C, com Robinho, Danrlei e Marlon.
Por ser uma disputa de tiro curto (20 dias de duração), a Copa Verde vai premiar equipes com bom entrosamento, como o PSC. Um dos principais artilheiros do Brasileiro, Marlon é uma atração do torneio, juntamente com José Aldo, dínamo da meia-cancha bicolor.
Por todos esses motivos, é improvável que a primeira rodada traga algum tipo de embaraço para a equipe de Márcio Fernandes. Pouco se sabe do adversário, o Humaitá, mas ninguém desconhece o fato de que o futebol acreano há tempos atravessa um período de crise.
O fato é que em estreias na CV o PSC nunca perdeu – venceu quatro e empatou quatro. A maior goleada foi sobre o Náutico-RR, por 7 a 2.
SAF reeduca clubes com regras de transparência e fiscalização
O futebol brasileiro vive um momento de reacomodação de forças, a partir da criação da Lei 14.193/2021, que possibilitou aos clubes migrar do modelo associativo tradicional para o sistema corporativo. A entrada em cena da figura da Sociedade Anônima do Futebol (SAF), cuja relevância já mereceu outros comentários da coluna, é a grande novidade das últimas décadas para um sistema que parecia consolidado em definitivo, mas a adequação às normas é um ponto que os clubes terão que assimilar.
A perspectiva de obtenção de recursos, inclusive de investidores internacionais, deu à SAF uma aura de remédio para todos os males. Não é bem assim, mas, sem dúvida, abre as chances para que a gestão seja modernizada, com mais transparência e controle.
As inovações trazidas pela SAF permitiram ao Cruzeiro e ao Botafogo (foto), os dois primeiros clubes a migrar para o novo modelo, atrair recursos que afastaram a crise que rondava a ambos. O êxito das duas experiências estimulou o Vasco e o Bahia a seguirem o mesmo caminho, a partir de 2023.
O fato é que a SAF pode atrair investidores com novas formas de obtenção de recursos por meio da emissão de ações, debêntures, títulos ou valor mobiliário. Permite que pessoas físicas, pessoas jurídicas e fundos de investimentos façam parte da gestão do time;
Ao mesmo tempo, cabe observar que a lei em vigor garante aos clubes direitos especiais, como o veto em eventual tentativa de mudanças do nome, do escudo e das cores, por exemplo.
Um ponto digno de destaque é a necessidade de estruturação dos clubes para criar regras de compliance e boas práticas de governança, o que torna mais forte a atuação do conselho de administração e do conselho fiscal – órgãos de existência obrigatória e funcionamento permanente.
Um outro aspecto da lei é que o artigo 8º determina às SAFs que mantenham em site ou página virtual dados atualizados mensalmente sobre a composição acionária, o estatuto social e as atas das assembleias gerais, além do detalhamento dos corpos diretórios e dos relatórios da administração.
Mais importante ainda: os clubes passam a ser obrigados a submeter as demonstrações financeiras a uma auditoria externa independente, assim como a fiscalização também por órgãos externos, como a Comissão de Valores Mobiliários.
A partir dos instrumentos legais, os clubes ficam obrigados a implantar estruturas mais profissionais, o que funciona como atrativo para a captação de investimentos privados, nacionais ou estrangeiros. A prova definitiva de que os recursos sempre chegam para quem se organiza melhor.
Direto do blog campeão
“Parece que o Remo finalmente resolveu começar pelo começo: a contratação de um novo técnico. É este que, dentro dos objetivos a serem alcançados, vai dizer com quantos e quais jogadores deverá contar no elenco. A partir daí, a diretoria deverá ir em busca desses profissionais no mercado com as características e qualidades requeridas. O contrário disso é, de forma errada, primeiramente contratar um executivo, que sairá contratando jogadores aleatoriamente, para depois jogá-los no peito do novo treinador”.
Miguel Silva