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Paraense em Israel diz não querer voltar ao Brasil: 'Amo esse povo'

Crescem o apoio ao Hamas, na Faixa de Gaza, e a desaprovação, entre os palestinos, do presidente da Autoridade Nacional Palestina
Crescem o apoio ao Hamas, na Faixa de Gaza, e a desaprovação, entre os palestinos, do presidente da Autoridade Nacional Palestina

Luiza Mello

A guerra inesperada entre Israel e o grupo terrorista Hamas, que governa a Faixa de Gaza, deixa a população civil fragilizada. Entre os brasileiros que estão em território israelense, a antecipação do conflito causa expectativa para a chegada dos aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), que o governo federal está enviando para a operação de repatriação daqueles que não conseguem voltar para o Brasil, já que os voos foram todos cancelados. O primeiro desses voos chegou em Brasília nesta madrugada.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores, estão previstos mais cinco voos até o próximo domingo, 15. A prioridade nesse início de processo de repatriação é embarcar idosos, pessoas com dificuldade de deslocamento, enfermos e as famílias com crianças.

Entre aqueles que serão repatriados pelo governo brasileiro está a paraense Maria Helena Castor Alves, de 70 anos, que está em Ra’anana, cidade distante cerca de 20 quilômetros de Tel Aviv, que é o mais importante centro financeiro do país que abriga uma das regiões metropolitanas mais populosas de Israel.

A paraense de Breves está desde julho visitando a filha, Ana Cleide Hayoon, que é casada com um israelense e vive no país há 18 anos. Maria Helena estava com passagem de volta marcada para os próximos dias, mas com o agravamento do conflito nas últimas horas, após o grupo terrorista Hamas promover o maior ataque das últimas décadas contra Israel, a volta ainda não foi realizada.

O DIÁRIO estava em contato com Ana Cleide quando chegou a notícia da embaixada brasileira em Israel de que a mãe vai embarcar em um dos voos que sairá daquele país nesta quinta, 12, com destino ao Brasil.

Ana Cleide, que tem cidadania israelense, não pretende deixar o país. Assustada com as sirenes e os estrondos dos bombardeios que ela escuta de casa, a paraense declara amor por Israel.

“Tenho uma família linda aqui e amo esse povo de coração”, declara. A todo momento ela fala na fé que tem de que esse conflito não vai se transformar em guerra.

Agoniada com a situação da mãe, que tem problemas de pressão alta e diabetes, ela disse estar aliviada pela notícia de que Maria Helena retorna para o Brasil e em seguida para Belém, cidade onde vive desde que saiu de Breves. “Quando as sirenes tocam, temos que correr para os abrigos e minha mãe tem pressão alta. No Brasil ela estará mais segura”, revela a filha.

Quando falava com o DIÁRIO, Ana Cleide informou ter recebido avisos sobre ataques que poderiam acontecer ontem à noite. O fuso horário é de 6 horas à frente do Brasil em Israel. E de fato, ontem no início da noite no Brasil, e madrugada naquele país, as autoridades locais afirmam que os projéteis caíram em áreas abertas, dentro do território israelense. As brigadas Al Qassam, braço armado do grupo terrorista Hamas, reivindicou os disparos de foguetes contra Israel, realizados ontem a partir da região sul do Líbano.