O clima chuvoso contribuiu para um jogo frio nos primeiros minutos e só empolgou a torcida a partir dos 30 minutos. Com muitos erros de passe e posicionamento falho no meio-de-campo, o PSC saiu do zero em lance individual de Bruno Alves, que acertou um disparo forte no ângulo da trave de Paulo Rafael, aos 33 minutos. Um golaço que mexeu com a torcida e deu a impressão de que o time ia finalmente deslanchar.
Acontece que o Tapajós não se amofinou. Continuou bem posicionado no meio, impedindo que os meio-campistas do PSC executassem jogadas de aproximação com o ataque. Com isso, os zagueiros eram obrigados a fazer ligação direta, tentando alcançar os atacantes, nem sempre com sucesso.
Diante das dificuldades que o time demonstrava para fazer a transição, o torcedor começou a chiar nas arquibancadas. Em menor número do que o habitual, a massa bicolor percebia os buracos no posicionamento do time e a insegurança defensiva, apesar das poucas investidas do Tapajós no ataque.
Mário Sérgio, artilheiro do time, teve duas boas chances, cabeceou com perigo, mas o goleiro Paulo Rafael fez grandes defesas. No final do 1º tempo, a situação quase se complicou para o Papão. Aos 45’, Douglas Lima pressionou o goleiro Tiago Coelho, que tentava sair com a bola dominada. O meia roubou a bola com facilidade, mas errou no arremate mesmo com a trave escancarada, chutando rente ao poste direito.
O lance assustou o PSC, que continuou a exibir problemas para encaixar jogadas no início do 2º tempo. Gabriel Davis não encontrava lugar no meio e deixava de contribuir com João Vieira e Fernando Gabriel.
Em seguidas chegadas à área do Papão, quase todas bem conduzidas por Douglas Lima, um dos melhores em campo. Saíram dos pés dele os principais lançamentos para Tiago Mandí e Balotelli, além de chutes perigosos em direção ao gol de Tiago Coelho.
Quando o Tapajós mais avançava, buscando o empate, o PSC teve mudanças que tornaram a equipe mais agressiva do meio para frente. Paulo Enrique, Stéfano e Igor Bosel substituíram Jimenez, Bruno Alves e Samuel (lesionado), o que deu ao time uma vantagem nas jogadas em velocidade, principalmente pelo lado direito.
Foi justamente por ali que nasceu o segundo gol, aos 38 minutos. Igor Bosel foi lançado, passou pela marcação e chutou rasteiro no canto da trave de Paulo Rafael, que pulou para o lado errado. O gol serviu para aplacar a irritação da torcida, que chegou a chamar Márcio Fernandes de “burro”, e definiu o resultado.
Exaurido, o Tapajós não conseguia mais sair de seu campo e quase sofreu mais gols. Paulo Enrique e João Vieira perderam boas chances.
Leão consegue fechar negociações para sanar dívidas
Em reunião do Conselho Deliberativo do Remo, na segunda-feira (13), os conselheiros foram informados de duas excelentes notícias para a vida do clube. A primeira, mais importante, diz respeito à dívida trabalhista. Com centralização em uma única vara, as pendências causaram muitos atropelos para a gestão nos últimos anos, com bloqueios e ameaças de leilão. Agora, finalmente, serão quitadas. O prazo é março deste ano.
Os débitos continuarão a surgir, pois demissões podem gerar novos litígios, mas o setor jurídico do clube mostra uma capacidade cada vez maior de acompanhar e resolver as pendências. Cabe aqui destacar o trabalho incansável desenvolvido pelo grande benemérito Ronaldo Passarinho, que comandou o Jurídico e deu início ao processo de saneamento das dívidas do clube, há 14 anos.
A reunião do Condel trouxe outra notícia alvissareira para os azulinos. A dívida que parecia impagável, na Justiça Civil, foi finalmente renegociada em valores interessantes para o clube. Trata-se de um empréstimo feito há muitos anos junto à empresa Casa Santa, cujo valor atualizado hoje está em R$ 5 milhões. Os credores aceitaram reduzir a dívida para R$ 500 mil para pagamento em 20 parcelas fixas de R$ 25 mil.
Sobre o êxito do jurídico azulino, o amigo Ronaldo Passarinho enviou a seguinte mensagem à coluna: “Estou eufórico com as excelentes notícias. Gol de placa do Jurídico e também da administração do Fábio Bentes. Sei o quanto Pablo Coimbra e eu passamos durante dois anos na Justiça do Trabalho. Tenho o orgulho de termos evitado leilões do Carrossel e, até do Baenão. Mas, o maior orgulho, além da redução e composição da dívida, foi que o Remo, no nosso período, mesmo sem o apoio de certos diretores do futebol, não teve nenhum bloqueio de renda/patrocínios etc”.
Deixou ainda um voto de otimismo quanto ao futuro próximo: “Sou Remo até morrer e espero vê-lo de volta à Série A. Gerson, renovo sempre meus agradecimentos pelo extraordinário apoio que você nos deu”.
(Ronaldo, com a generosidade habitual, faz referência à divulgação que fiz dos feitos obtidos por ele e sua equipe como diretor jurídico do Remo)
Punição por racismo vai incluir perda de pontos
Uma importante decisão foi tomada ontem durante o Conselho Técnico, na sede da CBF, no Rio. O colegiado aprovou a aplicação de punições por racismo em competições brasileiras. A direção da entidade não colocou o caso em votação. O texto a respeito vem no regulamento geral de competições de 2023.
Ficou decidido que no primeiro caso de racismo em ambientes de jogo, o clube responsável será multado (valor ainda a ser divulgado). Na reincidência, o clube perderá mando de campo ou terá portões fechados. Caso ocorra um terceiro caso, a punição será na forma de perda de pontos.
O mais interessante nisso tudo é que a proposta da perda de pontos partiu do próprio presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues. Desde o ano passado, ele defende que a punição esportiva seja usada para a conscientização de todos que se envolvem com o futebol, inclusive torcedores.
A dúvida é a de sempre: se os tribunais irão ter o mesmo rigor em relação a clubes de tamanho, poder e tradição diferentes. Já existem normas prevendo, em casos especiais, punição com perda de pontos, mas as cortes sempre passaram pano e relaxaram nas punições.