Félix Gerardo Ibarra Prieto*
O ano termina bem para o nosso subcontinente americano (sul) assim como para o norte (México, USA e Canadá) os do sul ganharam a copa do mundo Qatar 2022 com Argentina e os do norte vão sediar a próxima copa de 2026. 80% dos jogos serão nos Estados Unidos e o restante no México (abertura quiçá no estádio Asteca) e os outros jogos da face eliminatória no Canadá.
Passado o grupo da face preliminar, todos os demais jogos (mata, mata) serão dentro do território dos USA. Pela primeira vez algo fantástico vai ocorrer: ninguém vai construir estádio. Todos eles já estão de pé. Será que o Brasil ia se interessar por uma copa assim?
No campo político um pouco mais complexo: na Argentina voltou a copa depois de 36 anos, mas a inflação não sai de lá, assim como o populismo peronista. CFK escapou de um atentado, mas não escapou da justiça. Foi condenada por corrupção. Bolívia, Paraguai e Uruguai sem grandes novidades na política, mas com bastante estabilidade econômica dentro deles. Arce, Lacalle e Mario Abdo Benites souberam se sustentar no poder e assim criar um ambiente de negocio para seus países.
No Chile chegou a esquerda um pouco mais radical que aquela que conhecemos, La Concertación, de Lagos, Bachellet e Cia. Boric é um político jovem que nasce dos protestos estudantis de 2018, que pretendia mudar radicalmente a constituição e não conseguiu. A radicalização foi a figura política em quase todos os países na pós-pandemia.
Na Colômbia sim houve uma mudança importante, despois de 60 anos, Petro chegou ao poder pela esquerda, depois do rotundo fracasso do Iván Duque que detinha o poder pelo lado direito por mais de meio século. Com isso Colômbia e Venezuela voltam a se aproximar diplomaticamente, que não deixa de ser interessante para seus habitantes.
Venezuela, finalmente parou de afundar, favorecida pela guerra da Ucrânia, os Estados Unidos relaxou o embargo para que o petróleo pudesse ser retirado de lá, obviamente por empresas americanas e inglesas e assim abastecer sem riscos, o seu mercado interno. Maduro também amadureceu, finalmente entendeu que se o Estado administrar o deserto é certo, que faltaria areia. Em 2023, Brasil deverá também relaxar os laços diplomáticos e econômicos com a Venezuela. Tudo tende a melhorar por lá, tomara que haja eleições livres e limpas: isso na Venezuela é incerto.
Equador, país cuja economia é dolarizada literalmente desde o ano 2000 pelo presidente Jamil Mahuad, cuja decisão (dolarizar) se mostrou resistente até para a esquerda de Rafael Correa por dez anos, essa decisão contribuiu para a própria estabilidade quando em 25 horas o país teve 5 presidentes, entre eles, o primeiro, Mauad. Atualmente é governado por Guillermo Lassos, um político liberal que vem lidando com sérios problemas econômicos da pós-pandemia e crises sociais e protestos sérios com os indígenas. A dolarização é a única política que ninguém discute nem ouça mudar no Equador.
Peru é sempre um problema. Parece o estado de RJ no Brasil. Seu presidente (governante) está sempre sendo substituído por corrupção e preso. País rico, bem localizado, economicamente pujante, turisticamente importante. É refém de um artigo de sua constituição que permite ao congresso tirar o presidente do poder por incapacidade física e moral. Obviamente sem nenhum atestado médico e psicológico, basta o parlamento votar e ponto final.
Castillo é o terceiro presidente a enfrentar esse processo em quatro anos. Ou seja, com essa lei muito aberta a interpretações subjetivas pelo parlamento, a mesa está servida para a instabilidade política e econômica. No período anterior houve três presidentes e neste já está no segundo. “a primeira obrigação (política) de um presidente ou governante é se sustentar no poder”.
Por último Brasil, meu Brasil, brasileiro. País grande, lindo, rico, populoso, pujante, glorioso, inteligente, turístico, mineiro (ouro, prata, alumínio, bauxita…), verde (Amazônia e Pantanal) azul (costa marítima de mais de 7 mil quilômetros), fonte de alimentação do mundo (agro bussines) sede das melhores universidades, etc. potencia regional, mas com uma dose de má sorte com seus políticos. A maioria deles é pequena demais para seu tamanho e grandeza do país. A sorte do Brasil são as suas instituições e a imprensa livre. Caso contrario, seria mais um país de banana.
É uma falta de coerência total e sem propósito, onde o político, condenado por corrupção sai da cadeia, se candidata e ganha no voto popular, e o candidato que perde (estando no poder) pede resistência dos seguidores, na porta dos quarteis para defender a liberdade por meio de um golpe militar. Golpe militar e liberdade não combinam: só se houver uma ditadura no poder que não é o caso. Na política não existe vácuo de poder: se o legislativo e o judiciário governam é porque o executivo perdeu espaço.
Fico olhando meus amigos de um lado e de outro e falo… Meu deus! Na política parece a sua seleção de futebol: têm todas as condições de ganhar a copa do mundo a cada quatro anos, mas já vai para 24 anos sem nada. Parece que não gosta de ganhar (nem na política), sempre falta pouquinha coisa, um esforço a mais que nem todos estão dispostos a fazer nem por apenas quatro minutinhos (no futebol).
Félix Gerardo Ibarra Prieto* é empresário e professor universitário. Mestre e doutor em Relações Internacionais (UAA) Professor titular da Unama (2006-2018) e coordenador do curso de RI da mesma universidade (2008-2012) é diretor e fundador da rede Castilla idiomas do Brasil desde 1996.blogger: www.fgip.blogspot.com @lalo_ibarra_prieto