E se te dissessem que você não conseguirá mais ver os fantásticos anéis de Saturno em 2025, porque eles vão desaparecer? Está aí uma informação que poderia causar algum grau de ansiedade galáctica, mesmo que você nunca olhe para o céu em busca de astros. A boa notícia é que o tal desaparecimento não passa de um problema dos e para os observadores -nós.
Basicamente, devido à posição de Saturno em relação à Terra, em boa parte deste ano não será possível para os terráqueos ver os anéis do gigante gasoso.
“Por causa da inclinação do eixo de Saturno e sua posição relativa à Terra, a gente vê os anéis ‘bamboleando’ ao longo do tempo, passando de totalmente exposto para visão de perfil [na qual não conseguimos vê-los], diz Cássio Barbosa, astrônomo do departamento de física da FEI. “Pior época para observar Saturno”, afirma o astrônomo sobre 2025.
Ou seja, não passa de uma questão de perspectiva, afirma Marcelo de Cicco, do Observatório Nacional.
A partir de março deste ano os anéis já não estarão visíveis aos olhos humanos, segundo De Cicco. “Vai ficar uma linhazinha tênue”, diz o pesquisador do Observatório Nacional.
O efeito visual de desaparecimento ocorre a cada cerca de 13 a 15 anos, diz De Cicco.
“À medida que a órbita da Terra vai se desenvolvendo e também a de Saturno, por causa de uma diferença de inclinação de nossas órbitas, começamos a ver novamente os anéis, porque a gente ou vai subindo em relação a Saturno ou vai descendo em relação a Saturno”, diz o pesquisador do Observatório Nacional.
Segundo um artigo publicado em 2023 no site The Conversation, pelo professor de astrofísica Jonti Horner, da Universidade do Sul de Queensland, em 2009 foi a última vez em que o “desaparecimento” ocorreu.
Horner aponta que, nos meses seguintes a março de 2025, os anéis voltarão a ficar visíveis para grandes telescópios, mas, em novembro, não poderão mais ser vistos. Com o passar dos meses, retornarão a ser identificáveis.
Segundo Barbosa, um “desaparecimento” -lembrando, aos olhos do observador- semelhante deve ocorrer com Urano. “Mas como os anéis foram descobertos em 1977 e o período orbital do planeta é de 84 anos, ainda não conseguimos registrar o efeito em toda a sua extensão.
MAIS SOBRE SATURNO
Saturno, o gigante gasoso, composto principalmente de hidrogênio e hélio, demora cerca de 30 anos terrestres para completar uma órbita em relação ao Sol. Ou seja, um ano de Saturno equivale a 30 daqui.
Segundo a Nasa, por metade de um ano de Saturno, o planeta parece se inclinar em direção ao Sol, o que acaba por iluminar o topo dos seus anéis.
Por sinal, os anéis se espalham por 282 mil quilômetros a partir de Saturno. Apesar disso, os principais possuem uma espessura de somente cerca de dez metros.
Por sinal, chamamos de “anéis de Saturno” porque, obviamente, estamos falando de mais de um. Compostos de gelo, pedras e poeira, eles estão relativamente próximos uns dos outros, exceto pela divisão de Cassini, com 4.700 km entre os aneis A e B.
Os principais anéis são o A, B e o C. Os D, E, F e G são mais sutis e foram descobertos mais recentemente.
A partir de Saturno, a ordem dos anéis é: D; C; B; divisão de Cassini; A; F; G; e E. Vale mencionar que outros planetas do Sistema Solar também possuem anéis, porém, mais tênues e difíceis de serem vistos.
Os anéis do gigante têm alto poder reflexivo -daí eles serem tão brilhantes-, apesar de serem constantemente bombardeados por micrometeoritos, o que deveria ofuscar o brilho.
Como os anéis não deixam que seu brilho seja ofuscado, pesquisadores imaginavam que eles fossem jovens. Mas uma pesquisa recente apontou para a possibilidade de anéis de uma resistência dos anéis à contaminação.
Em linhas gerais, a colisão entre micrometeoritos e o gelo e rochas que formam os anéis gera energia para vaporizar tanto o micrometeorito quanto parte de seu alvo. As partículas geradas na colisão, em seguida, seriam expulsas pela ação do campo magnético de Saturno e, dessa forma, evitariam a contaminação dos anéis. Assim, eles mantêm o brilho.