Por Sérgio Augusto do Nascimento
A cidade do Porto, no norte de Portugal é milenar, tradicional e cheia de histórias. Também é moderna, cosmopolita e contemporânea. Suas ruas, muitas ladeiras e lendas contam um pouco das marcas deixadas por povos da antiguidade, como os romanos.
Os habitantes são muitas vezes tidos como frios, sisudos e econômicos nas palavras. Mas isso é só impressão. Quando abrem as portas para os interlocutores, sobram motivos para risadas. Contar anedotas e passagens engraçadas é uma das facetas mais interessantes dos portuenses.
O segredo do bem viver, se calhar (é assim que falam quando querem dizer “talvez”), é encontrar sempre o lado engraçado das coisas. E, por ser uma cidade única, o Porto tem até um monumento dedicado à alegria e ao……riso.
É uma obra de arte localizada no Jardim da Cordoaria, no Campo dos Mártires da Pátria, próximo à Universidade do Porto, e que foi criada por um espanhol: o escultor Juan Muñoz, exatamente no ano em que o Porto foi a Capital Europeia da Cultura (2001). Seu nome: 13 a rir uns dos outros.
Trata-se de 13 esculturas irreverentes e bem originais. Estão dispostas em quatro degraus de uma bancada e simplesmente riem de tudo…e de nada. Uma das estátuas, inclusive, foi concebida caindo aos risos.
Teria sido “empurrada” por outra ou simplesmente não se controlou e desabou de tanto rir. E as demais, em várias posições, convidam todos a refletir sobre a ironia, o deboche, o riso e também o oposto, que seria, no caso, o tédio.
O autor, Juan Muñoz, morreu exatamente em 2001. Antes de partir, deu várias entrevistas e, em uma delas, disse mais ou menos que desejava que o espectador, “mesmo aquele sem qualquer conhecimento artístico, sentisse simpatia pela obra”. Conseguiu: as estátuas foram moldadas em bronze e não há como ficar indiferente diante delas.
Muñoz, à imagem do Carlitos, de Charles Chaplin conseguiu despertar emoções sem dizer uma única palavra. Turistas não cansam de posar para fotos e vídeos ao lado dos 13 risonhos personagens, a qualquer hora do dia ou da noite.
Se rir é uma forma de libertação, temos aqui 13 motivos para rir. Vamos escolher um deles, ou os 13 ou nenhum e questionar: qual é afinal a graça nisso tudo? Resposta: há, há, há, há, há.
Sérgio Augusto do Nascimento é um jornalista paraense que vive em Portugal. Foi repórter, editor e hoje é correspondente do DIÁRIO na Europa.