Você já parou para pensar no que acontece quando um avião deixa de voar? Essas máquinas, que impressionam pela engenharia e pelo custo bilionário de fabricação, não ficam simplesmente encostadas ao final da vida útil. Entre reciclagem de peças, transformação em cargueiros, uso em companhias menores e até projetos inusitados… antes disso, descubra quanto tempo dura um avião.
A vida de um avião não é contada apenas em anos, mas em horas de voo e ciclos de pousos e decolagens. Isso porque, a cada vez que a cabine é pressurizada, fuselagem e asas sofrem estresse que, com o tempo, leva à fadiga dos materiais. É por isso que aeronaves relativamente novas, mas operando em rotas curtas e intensas, podem se desgastar mais rápido que modelos mais antigos usados em viagens longas. Em média, a vida útil comercial gira em torno de 25 a 30 anos.
“Cada vez que uma aeronave decola e pressuriza a cabine, a fuselagem, as asas, eles sofrem estresse e a repetição desses ciclos ao longo do tempo, ela causa fadiga dos materiais”, explica o especialista em aviação Sandro Kurovski, do canal “Melhores Destinos”. Por isso, aviões que operam em rotas curtas e muito movimentadas, como a ponte aérea Rio-São Paulo, podem se aposentar antes de modelos que voam em trajetos longos, com menos decolagens diárias.
O Destino Final das Aeronaves Desativadas
Quando uma companhia decide retirar um avião de circulação ou devolvê-lo a uma empresa de leasing (arrendamento mercantil; empresa aluga um bem), a aeronave ainda não está aposentada em definitivo. O destino mais comum é o armazenamento temporário em locais de clima seco, conhecidos como “cemitérios de aviões” – ainda que o termo seja equivocado.
Os maiores encontram-se no sudoeste dos Estados Unidos; o mais famoso deles é o Pinal Airpark, no deserto do Arizona, mas também existem similares na Europa, como o Aeroporto de Teruel, na Espanha, o Aeroporto de Tarbes-Lourdes-Pyrenees, na França e o Aeroporto de Cotswold, no Reino Unido.
Lá, os aviões passam por um processo detalhado: limpeza para remoção de sal e prevenção de corrosão, esvaziamento e lubrificação dos tanques, proteção dos pneus e até pintura branca para reduzir os efeitos do sol. Enquanto aguardam definição, recebem manutenção periódica para garantir que permaneçam em condições de operação.
Reutilização e Novos Propósitos
O desenvolvimento de um novo modelo leva vários anos, assim como a sua certificação pelas autoridades, o que resulta em um preço final alto. Um Boeing 737-700, desses que a Gol utiliza, é listado pela fabricante em US$ 89,1 milhões (quase R$ 500 milhões); por isso, é natural que as companhias aéreas queiram utilizar seus aviões ao máximo.
O caminho futuro pode ser a revenda para empresas menores, a conversão em cargueiro ou a desmontagem para reaproveitamento de peças. Em alguns casos, o valor dos componentes supera o da própria aeronave. “Os motores são de longe os itens mais valiosos e representam de 80 a 90% do valor de todas as peças retiradas”, ressaltou o especialista.
Transformação em Espaços Culturais e Comerciais
Mas nem todos terminam assim. Alguns modelos encontram destinos inusitados. Em Estocolmo, por exemplo, um Boeing 747 virou hotel; outros foram convertidos em restaurantes, como os 747 que teve parte da fuselagem e do interior aproveitados na Panama Experience em Los Angeles; no Brasil, projetos semelhantes já foram anunciados em Brasília e Canoas (RS), onde aviões desativados podem virar espaços culturais, como bibliotecas. Aqui mesmo, em Belém, é possível ver um avião em plena BR-316 servindo como loja de venda de veículos.