PRESA NA ITÁLIA

Zambelli é levada a prisão superlotada na Itália e tenta evitar extradição ao Brasil

 Após ser presa por autoridades italianas na terça-feira passada, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi transferida para a prisão feminina Germana Stefanini.

Deputada Carla Zambelli. FOTO WILL SHUTTER-CÂMARA DOS DEPUTADOS
Deputada Carla Zambelli. FOTO WILL SHUTTER-CÂMARA DOS DEPUTADOS

 Após ser presa por autoridades italianas na terça-feira passada, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi transferida para a prisão feminina Germana Stefanini, parte do complexo penitenciário de Rebibbia, na periferia de Roma, capital da Itália. A unidade faz parte de um dos maiores complexos prisionais da Europa, que sofre com problemas de superlotação.

A penitenciária ficou conhecida internacionalmente após receber a visita de Papa Francisco no fim de 2024. Na ocasião, ele fez uma missa na capela do complexo prisional em que pediu aos detentos para “escancarem as portas do coração”. No passado, a penitenciária foi administrada por freiras.

Além do problema de superlotação – abriga hoje mais de 1.500 presos -, o presídio ficou conhecido por manter reclusa uma detenta grávida de origem bósnia que deu à luz a uma bebê dentro da carceragem. O caso foi relatado pelo jornal Corriere della Sera, em 2021.

Pelas celas do complexo de Rebibbia também passaram detentas notáveis, como a atriz Goliarda Sapienza, que foi presa nos anos 1980 por um roubo de joias e escreveu o livro “A Universidade de Rebibbia”, sobre o seu tempo no cárcere. E a integrante da organização armada de esquerda Brigada Vermelha Diane Melazzi, que foi condenada à prisão perpétua por atos terroristas. Diane foi encontrada morta com sinais de enforcamento na cela, em 2009.

Carla Zambelli passou uma noite em uma delegacia de Roma antes de ser encaminhada ao presídio. Nesta sexta-feira, a deputada foi intimada a dar explicações em uma audiência de custódia. Na ocasião, a parlamentar do PL foi perguntada se gostaria de voltar ao Brasil ou permanecer na Itália. Ela respondeu que não pretende retornar ao Brasil.

Contrariando a versão da Polícia Federal (PF), a defesa de Zambelli afirma que ela se entregou às autoridades italianas de maneira “espontânea” por não suportar mais ficar fechada em uma casa, em Roma. Os advogados da parlamentar querem que ela seja julgada na Itália e pediram que ela seja liberada ou responda às acusações em prisão domiciliar.

Desde que chegou ao país europeu, há dois meses, Zambelli tem tentando angariar apoio de políticos da direita italiana para evitar sua extradição ao Brasil, que foi pedida pelo governo brasileiro. A parlamentar foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a uma pena de dez anos de reclusão por falsidade ideológica e invasão do sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O vice-primeiro ministro da Itália e ministro dos Transportes da Itália, Matteo Salvini, teria manifestado o desejo de visitá-la na cadeia, segundo informações publicadas pelo jornal Corriere della Sera. Zambelli também recebeu na última quarta-feira uma nota de solidariedade do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. O parlamentar apelou para que as autoridades italianas não autorizem sua extradição ao Brasil e a classificou como uma “vítima de perseguição política”.

Texto de: Eduardo Gonçalves