
O governo de Donald Trump autorizou secretamente a Agência Central de Inteligência (CIA) a realizar operações clandestinas na Venezuela, segundo revelaram autoridades americanas ao New York Times nesta quarta, 15. A decisão marca uma nova escalada na campanha de pressão contra o regime de Nicolás Maduro e ocorre paralelamente ao envio, desde agosto, de navios de guerra ao Caribe, sob a justificativa de combater o tráfico de drogas. Washington acusa Maduro de comandar redes de narcotráfico internacional, enquanto Caracas denuncia “execuções extrajudiciais” — 27 pessoas já foram mortas nessas operações, de acordo com o governo venezuelano.
As novas autorizações, conhecidas no jargão da inteligência como “determinação presidencial”, foram descritas por diversas autoridades americanas sob condição de anonimato, devido à alta confidencialidade do documento. A medida permite à CIA conduzir operações letais na Venezuela e realizar ações estratégicas no Caribe, podendo atuar de forma independente ou em coordenação com uma ofensiva militar mais ampla.
O reforço militar americano na região é significativo: cerca de 10 mil soldados estão distribuídos principalmente em bases em Porto Rico, apoiados por oito navios de guerra de superfície, um submarino e um contingente de fuzileiros navais em embarcações de assalto anfíbio. Além disso, os Estados Unidos oferecem uma recompensa de US$ 50 milhões (cerca de R$ 273 milhões) por informações que levem à prisão e condenação de Nicolás Maduro por tráfico de drogas.
Maduro nega as acusações e afirma que elas servem de pretexto para justificar uma intervenção estrangeira, classificando o atual cenário como “a ameaça militar mais letal e extravagante da história” da Venezuela.
Escalada de Tensão e Acusações
De acordo com autoridades americanas, Trump ordenou o fim das negociações diplomáticas com o governo Maduro neste mês, frustrado com a recusa do líder venezuelano em ceder ao poder americano e com sua insistência em negar qualquer envolvimento com o narcotráfico.
Embora a CIA já tenha autorização histórica para cooperar com governos latino-americanos em temas de segurança e compartilhamento de informações — como ocorre no combate a cartéis de drogas em parceria com autoridades mexicanas —, tais permissões não incluem a realização de operações letais diretas. A nova determinação presidencial, portanto, representa um endurecimento sem precedentes na política americana em relação à Venezuela, ampliando o risco de escalada militar na região.