
A repercussão internacional sobre a maioria formada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) foi imediata. O The New York Times destacou que Bolsonaro pode receber uma pena de até 43 anos de prisão caso seja condenado em todas as acusações, chamando o processo de um dos mais importantes julgamentos democráticos da América Latina nas últimas décadas. O jornal espanhol El País descreveu a sessão do STF como um momento decisivo, afirmando que o Brasil enfrenta seu “maior teste democrático em décadas” ao julgar um ex-presidente por conspirar contra as instituições. Já o britânico The Guardian ressaltou que a condenação, caso confirmada, enviará uma mensagem clara de que a democracia brasileira está disposta a reagir com firmeza contra ameaças autoritárias.
No Brasil, as reações foram imediatas e polarizadas. Na base do governo, a decisão foi celebrada como uma vitória da democracia. O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues, afirmou que o resultado representa “uma vitória do Estado de Direito” e reforça a mensagem de que o país não aceita aventuras golpistas. A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, destacou que não se trata de vingança, mas sim da responsabilização por crimes graves cometidos contra as instituições. Para aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o julgamento simboliza a força das instituições e o compromisso do STF em proteger a Constituição.
Por outro lado, o Partido Liberal (PL), sigla de Bolsonaro, divulgou nota oficial acusando o Supremo de atuar com “viés político” e afirmou que continuará defendendo o ex-presidente em todas as instâncias possíveis. Entre os apoiadores de Bolsonaro, a narrativa de perseguição política se intensificou. O deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, usou as redes sociais para denunciar o que chamou de tentativa de “calar milhões de brasileiros que não aceitam essa perseguição”. Parlamentares bolsonaristas também reagiram com críticas duras à Corte, alegando que o julgamento tem como objetivo tirar Bolsonaro da disputa presidencial de 2026.
No Congresso, as opiniões se dividiram. Senadores e deputados alinhados ao governo classificaram a decisão como um marco histórico que fortalece a democracia. Já a oposição questionou a imparcialidade do STF. As falas se refletiram em plenário e nas redes sociais, com discursos inflamados de ambos os lados. O voto divergente do ministro Luiz Fux, que absolveu Bolsonaro por falta de provas diretas em alguns crimes, foi utilizado pelos bolsonaristas como argumento para contestar a solidez das acusações.