CONCLAVE

Saiba como será o 2º dia de votação para escolha do novo Papa

No 1º dia, fumaça preta saiu das chaminés do Vaticano, mostrando que não havia consenso na escolha para o futuro pontífice

Fumaça indica que não houve consenso. Foto: VAtican NEws
Fumaça indica que não houve consenso. Foto: VAtican News


Os olhos da comunidade católica do planeta estavam voltados para um único lugar nesta quarta-feira (7): a chaminé da Capela Sistina, localizada no Vaticano. O conclave realizou o primeiro dia de votação para a eleição de escolha do novo papa, mas não chegou a um consenso. Pontualmente, às 21h00 no Vaticano (16h horário de Brasília), a fumaça preta saiu pela chaminé após cerca de três horas de votação, deixando a comunidade católica mundial ansiosa para o resultado da nova votação que será feita nesta quinta-feira (8).

Para eleger o novo Santo Padre, são necessários dois terços (89) dos votos dos 133 cardeais. Até que este número seja alcançado, o conclave permanece. Apenas cardeais com menos de 80 anos podem votar no conclave. Os 133 votantes representam 70 países, sendo as maiores delegações da Itália, com 17 cardeais, seguida pelos Estados Unidos (10), Brasil (7) e França (5). Outras 53 nações possuem apenas um representante.

A votação iniciou às 17h45 na Capela Sistina (12h45 horário de Brasília). No momento o qual a fumaça preta surgiu na chaminé, a Praça de São Pedro, em frente à Capela, estava lotada com 45 mil pessoas que foram acompanhar o resultado do primeiro dia de votação do conclave, segundo a Vatican News, o portal oficial de informação da Santa Sé.

O conclave começou com o sorteio de nove cardeais, que assumem três funções: recolher votos de quem está doente (infirmarii), fazer a contagem (escrutinadores) e revisar o resultado (revisores). Cada cardeal preenche uma cédula com o nome do candidato escolhido, dobra o papel e o deposita em uma urna. Ao fim, os votos são lidos em voz alta, registrados, furados e amarrados. Este é o terceiro conclave deste século depois do que foi realizado em 2005, que elegeu Bento 16, e o de 2013, que elegeu Francisco.

Para o professor, historiador e cientista da religião, Márcio Neco, era previsível a indefinição do novo papa logo na primeira votação, com os cardeais ainda buscando um consenso em quem votar. Com relação à demora no tempo de votação, Neco explica que até a fumaça preta ser expelida, houve dois momentos. “Primeiro, porque antes da votação, os cardeais receberam uma pregação do Cardeal Raniero Cantalamessa, que exerceu ali um momento de reflexão. O outro motivo é o maior número de cardeais reunidos na Capela Sistina, o que faz com que, evidentemente, essa votação tenha sido prolongada”. Em 2013, foram 115 cardeais eleitores de 48 países.

Ainda conforme Neco, as expectativas agora ficam por conta do segundo dia do conclave. “O normal é que o segundo dia do conclave possa ter quatro votações, duas pela manhã, duas pela tarde, sendo que as duas votações da manhã serão queimadas somente uma vez e as da tarde também, a menos que seja eleito o Sumo Pontífice. Então, aguardemos mais este dia de reflexão, de oração e de expectativa por parte dos fiéis para a escolha do novo Papa”, finaliza.

O professor da Faculdade Católica de Belém e do curso de Filosofia da Universidade Estadual do Pará (Uepa), Mário Tito Almeida, também destaca que o primeiro dia do conclave é sempre onde os votantes vão abrindo o leque de possibilidades e somente a partir do segundo dia é que se tem, mais ou menos, ideia de quem vai puxar mais votos em consenso, com cardeais começando a manifestar apoio em alguém.

“Eu acredito que isso é natural, até porque no Colégio Cardinalício, no conclave, vários cardeais nem se conheciam direito, porque eram cardeais novos que foram nomeados pelo Papa Francisco. Quando a gente pensa nesse primeiro dia do conclave, pensamos muito mais numa perspectiva de conhecimento entre os vários cardeais e para entender mais ou menos o perfil dos vários possíveis candidatos para Papa.”

Tito ressalta que o perfil do novo Papa já está traçado, sendo aquele que saiba dialogar com as instâncias atuais, especialmente tecnológicas, mas também as instâncias ambientais e econômicas e as dúvidas com relação à continuidade dos processos ligados à guerra e à construção da paz. “Eu acredito que a fumaça preta representa ainda um momento de conhecimento dos possíveis candidatos. A partir do segundo dia, já se pode ter um direcionamento mais claro de quem será o novo Santo Padre que vai substituir o Papa Francisco e vai ser o próximo São Pedro da Igreja”.

Cardeais brasileiros que estão no conclave aptos a votar:

1 – Cardeal Odilo Pedro Scherer. Arcebispo de São Paulo (SP), 75 anos

2 – Cardeal João Braz de Aviz. Arcebispo emérito de Brasília (DF) e ex-prefeito da Congregação para os Instituto de Vida Apostólica no Vaticano, 77 anos

3 – Cardeal João Orani Tempesta. Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ), 74 anos

4 – Cardeal Sérgio da Rocha. Arcebispo de Salvador (BA), 65 anos

5 – Cardeal Leonardo Ulrich Steiner. Arcebispo de Manaus (AM), 74 anos

6 – Cardeal Paulo Cezar Costa. Arcebispo de Brasília (DF), 57 anos

7 – Cardeal Jaime Spengler. Arcebispo de Porto Alegre (RS), presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam), 64 anos