
A morte do padre Matteo Balzano, de 35 anos, abalou profundamente a comunidade católica na Itália e reacendeu um debate sensível: a solidão vivida por muitos membros do clero. O sacerdote foi encontrado morto em sua residência no último sábado (5), em Cannobio, pequena cidade com cerca de 5 mil habitantes às margens do Lago Maggiore, na fronteira com a Suíça.
Dom Matteo era conhecido por sua dedicação à juventude e seu trabalho próximo aos fiéis locais. O seu falecimento, por suicídio, surpreendeu fiéis e lideranças religiosas. Segundo fontes ligadas à Igreja, ele nunca havia demonstrado sinais claros de sofrimento ou buscado ajuda psicológica.
“Quando alguém escolhe um caminho tão extremo, é porque acredita que seja a única solução possível naquele momento. Mas há sempre outra saída. Precisamos transmitir essa mensagem”, declarou o padre Massimo Angelelli, responsável pela pastoral da saúde da Conferência Episcopal Italiana (CEI).
O caso levantou uma discussão mais ampla dentro da Igreja sobre a saúde mental de seus religiosos. O padre franciscano Massimo Fusarelli, ministro-geral da Ordem dos Frades Menores, ressaltou a necessidade de se ouvir mais os sacerdotes. “Muitos vivem suas angústias em silêncio. É urgente criar espaços de escuta e acolhimento.”
Um relatório da CEI publicado neste ano apontou que o atual contexto social tende a isolar pessoas que não se sentem adequadas aos padrões exigidos — situação que também atinge religiosos. A resistência em procurar psicólogos ou psiquiatras ainda é comum entre padres, por medo de estigmas ou de parecerem fracos diante da comunidade.
Durante o funeral de dom Matteo, celebrado nesta terça-feira (8) pelo bispo de Novara, Franco Giulio Brambilla, na Igreja de San Vittore, o clero e os fiéis prestaram homenagens emocionadas. Em uma das leituras, uma jovem do oratório onde o padre atuava afirmou: “Você apareceu como um arco-íris depois do temporal. Para nós, não era apenas um ‘dom’; antes de tudo, era um amigo.”
Com informações da Ansa