“esperança desarmada”

Papa Leão XIV recorda mártires e cita Irmã Dorothy Stang

Durante a homilia, o pontífice lembrou a missionária Dorothy Stang, assassinada há 20 anos em Anapu, no sudoeste do Pará. 

Descubra a história de Dorothy Stang e sua luta por reforma agrária em Anapu. Memórias de uma missionária marcante.
Dorothy Stang

Durante a Festa da Exaltação da Santa Cruz, neste domingo (14), o Papa Leão XIV presidiu uma celebração em memória dos novos mártires e testemunhas da fé do século XXI. Durante a homilia, o pontífice lembrou a missionária Dorothy Stang, assassinada há 20 anos em Anapu, no sudoeste do Pará. 

“Penso na força evangélica da Irmã Dorothy Stang, empenhada na causa dos sem-terra na Amazônia: quando aqueles que se preparavam para matá-la lhe perguntaram se estava armada, ela mostrou-lhes a Bíblia, respondendo: ‘Esta é a minha única arma’”, refletiu o Papa. Dorothy Stang tinha 73 anos quando foi assassinada em 12 de fevereiro de 2005. A religiosa em missão no Brasil por quase 40 anos, morreu com a Bíblia na mão. 

Leão XIV acrescentou: “queremos preservar a memória juntamente com os nossos irmãos e irmãs das outras Igrejas e Comunidades cristãs. Desejo, portanto, reiterar o compromisso da Igreja Católica em guardar a memória dos testemunhos da fé de todas as tradições cristãs”. O Pontífice enalteceu o trabalho desenvolvido pela Comissão para os Novos Mártires instituído pelo Papa Francisco em 2023, que já reconheceu, oficialmente, mais de 1600 mártires do século XXI.

A Esperança dos Mártires

Ainda na celebração, o Sucessor de Pedro disse que a cruz de Cristo é a “esperança dos cristãos” e a “glória dos mártires”. O exemplo deles é uma “esperança desarmada”, de testemunhar a fé sem o uso da violência, mas abraçando a força frágil e mansa do Evangelho. “É uma esperança cheia de imortalidade, porque, apesar de terem sido mortos no corpo, ninguém poderá silenciar a sua voz ou apagar o amor que deram; é uma esperança cheia de imortalidade, porque o seu testemunho permanece como profecia da vitória do bem sobre o mal”, lembrou Leão XIV. 

A Trajetória de Dorothy Stang no Brasil

Nascida em 1931 no estado de Ohio, nos Estados Unidos, a irmã Dorothy, como era conhecida, chegou ao Brasil em 1966, inicialmente para atuar na cidade de Coroatá, no Maranhão. Na década de 1970, a missionária migrou para a região do Xingu, na Amazônia, na época da inauguração da rodovia Transamazônica. 

Desde sua chegada à Amazônia, dedicou-se a defender o direito à terra para camponeses e à criação de projetos de proteção da floresta, agindo junto à população. Dorothy Stang tornou-se uma das principais líderes dos Projetos de Desenvolvimento Sustentável e até hoje é um marco na luta ambiental no Brasil. O corpo da missionária está enterrado em Anapu, no Centro de Formação São Rafael.

Foto: Vatican Media