COACH DE RISCO

Pablo Marçal leva 220 brasileiros em Israel em meio à guerra

O coach e empresário Pablo Marçal (PRTB-SP), está fazendo uma mentoria espiritual com cerca de 220 brasileiros pelo Egito, Jordânia e Israel

Pablo Marçal leva 220 brasileiros em Israel em meio à guerra Pablo Marçal leva 220 brasileiros em Israel em meio à guerra Pablo Marçal leva 220 brasileiros em Israel em meio à guerra Pablo Marçal leva 220 brasileiros em Israel em meio à guerra
O curso foi anunciado aos seus seguidores nas redes sociais há pelo menos dois meses. Foto: Divulgação
O curso foi anunciado aos seus seguidores nas redes sociais há pelo menos dois meses. Foto: Divulgação

O coach e empresário Pablo Marçal (PRTB-SP), ex-candidato à Prefeitura de São Paulo e hoje inelegível, está fazendo uma mentoria espiritual com cerca de 220 brasileiros pelo Egito, Jordânia e Israel em meio à guerra no Oriente Médio.

O curso foi anunciado aos seus seguidores nas redes sociais há pelo menos dois meses, e a viagem começou no último dia 18, cinco dias depois do primeiro ataque de Tel Aviv ao Irã que inaugurou um conflito de 12 dias entre os dois países.

Segundo Marçal, eles foram o primeiro grupo a ingressar em Israel nesta quarta-feira (25), de ônibus, após o cessar-fogo que entrou em vigor na terça-feira (24). A esposa e ao menos dois dos quatro filhos pequenos do influenciador estão na caravana.

“Entramos em Israel com autorização do governo local [de Binyamin Netanyahu]. Não estamos violando nenhuma regra. Enquanto muita gente está paralisada pelo medo, nosso grupo de 220 pessoas foi o primeiro do mundo a pisar aqui nesse momento”, afirmou ele à Folha, por meio de nota.

“Fizemos o nosso próprio ‘Êxodo’, saímos do Egito, atravessamos o mar Vermelho, passamos pela Jordânia e agora estamos em Israel. Estamos dentro do ‘acordo de paz dos 12 dias’ e não estamos aqui por turismo, mas por propósito. Não temos data para voltar ao Brasil”, continuou.

O anúncio que vendia o curso pela internet, porém, dizia que a viagem duraria dez dias, até o próximo sábado (28), sem informar o preço.

“Sobre segurança, estamos debaixo de uma proteção que não se compara a nenhum colete à prova de bala. Quem anda em missão não negocia com o medo. A guerra não nos assusta, nos posiciona. Quem vive para agradar manchete nunca vai mudar a história”, concluiu Marçal.
O Itamaraty desaconselha as viagens não essenciais à região desde outubro de 2023, início da guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, conforme um alerta consular emitido pela Embaixada do Brasil em Tel Aviv.

Na semana passada, cerca de 40 autoridades brasileiras, incluindo um governador e prefeitos, tiveram que deixar a cidade às pressas ao serem surpreendidos pela retaliação do Irã sobre Israel. Eles haviam viajado para uma feira de tecnologia a convite do governo israelense.

Em maio, Marçal se tornou réu sob acusação de colocar em risco a vida de pelo menos 32 pessoas durante outra expedição, em janeiro de 2022, ao Pico dos Marins, em Piquete, no interior paulista. Sua defesa alega que “se tratava de uma caminhada entre amigos, sem qualquer organização formal”.

Marçal se identifica como cristão, mas não segue uma denominação específica.
Em um vídeo postado nesta quarta em suas redes sociais, o coach conversa com os seguidores dentro do ônibus: “Eu não arquitetei a viagem, essa não é uma caravana. Eu não marquei esse negócio tem um ano. Eu não falei quero ir para Israel. Eu fui atraído por esse lugar”.

Ele repete que não é uma viagem a turismo: “Não são 200 turistas, são 200 governantes, que estão sendo curados na alma, no espírito e no corpo”, diz.

No último sábado (21), quando Donald Trump anunciou que bombardeou instalações nucleares iranianas, Marçal relatou durante uma trilha: “A gente está aqui no Horebe, no Monte Sinai [onde Deus teria dado a Moisés os Dez Mandamentos], subindo, e a gente ficou sabendo agora há pouco que os EUA atacaram o Irã”.

Segundo uma das participantes da caravana, Ana Ferraz, que é sócia do influenciador na empresa Digital Kingdown, o grupo começou ainda maior e foi se reduzindo aos 220 membros atuais.

“Oramos e jejuamos desde o dia 1º de junho. Chegamos ao Egito em meio às manchetes sobre bombardeios, riscos de escalada e alertas internacionais. Enquanto o mundo saía da região, a gente entrava. Muita gente pensou em voltar. Teve silêncio, insegurança, oração. Mas o Pablo, nosso líder, nunca duvidou”, afirmou ela por mensagem à Folha de S.Paulo.

A empresária contou que, ainda no Egito, 20 pessoas foram batizadas no mar Vermelho, e mais de 50 tatuaram no pulso esquerdo o versículo Mateus 24:14 da Bíblia, que contém um trecho do discurso profético de Jesus conhecido como o “Sermão do Monte das Oliveiras”.

No Egito não podíamos nem sequer mencionar o nome de Israel. Nenhum símbolo. Nenhuma bandeira. Fomos vigiados. Ouvi gritos nas ruas. A polícia se aproximava. O clima era tenso”, relatou Ferraz. Ela afirma que houve dois episódios de intolerância religiosa durante a viagem.

“Estávamos na praia, fazendo um ato profético de oração. […] Um segurança local começou a gritar para que a gente parasse nos expulsando da praia. Não por segurança física, mas por intolerância religiosa. […] Mas a gente não recuou”, escreveu. Um vídeo mostra Marçal respondendo “xiu” ao homem, com o dedo indicador encostado nos lábios.

Já em Petra, na Jordânia, ela diz que o grupo estava em um show de luzes nas ruínas, louvando, e mencionou o nome de Israel em voz alta. “Foi nesse momento que Carol [Marçal], esposa do Pablo, foi agredida [com um tapa] por uma turista estrangeira”, que teria gritado “shut up now” (cale-se agora).

Nesta quarta, ela afirma que eles “foram recepcionados pelos israelenses com alegria, que estão em festa”. Em um vídeo publicado antes da viagem, um participante afirmava que, se a entrada em Israel não desse certo, eles seguiriam para a Turquia. “Claro que, se o bicho estiver pegando lá, de repente a gente muda o destino ali e não vai para Israel, vai para a Turquia”, disse o advogado David Leite.

JÚLIA BARBON