FLÓRIDA

Olho do furacão Milton deixa Flórida, e autoridade local fala em ao menos 4 mortes

Descrito como um dos furacões mais potentes das últimas décadas e temido devido ao alto potencial de destruição.

Câmera de trânsito flagra passagem de tornado no sul da Flórida — Foto: Reprodução
Câmera de trânsito flagra passagem de tornado no sul da Flórida — Foto: Reprodução

Descrito como um dos furacões mais potentes das últimas décadas e temido devido ao alto potencial de destruição, o Milton passou pela Flórida por cerca de 12 horas em que causou diversos estragos. O olho do furacão saiu pela costa leste do estado, segundo boletim divulgado às 9h pelo NHC (Centro Nacional de Furacões, na sigla em inglês), e os ventos seguiam rumo às Bahamas. Alertas começaram a ser retirados de algumas regiões. Uma autoridade local fala em ao menos 4 mortos.

As mortes foram registradas em uma comunidade de aposentados após a passagem dos ventos por Fort Pierce, na costa leste da Flórida, de acordo com o xerife do condado de St. Lucie, Keith Pearson. Ele afirmou que o número de vítimas no local pode ser maior, já que a casa de repouso foi destruída e há muitos escombros. O governo do estado ainda não havia confirmado estas vítimas.

O Milton tocou o solo na noite de quarta-feira (9) como categoria 3, caiu para a classificação 1 durante a madrugada. Cidades têm sofrido com enchentes, e ao menos 3,4 milhões de pontos estão sem luz.

O fenômeno chegou à costa por volta das 20h40 no horário local (21h40 de Brasília), quando tinha ventos de até 195 km/h. Entrou em terra pela pequena Siesta Key, a cerca de 180 km a sudoeste da turística Orlando. O ponto de toque no solo foi mais ao sul do que o inicialmente previsto e mais distante do centro urbano de Tampa, cuja região abriga 3,3 milhões de pessoas.

Considerado “extremamente perigoso”, o Milton já tinha provocado danos antes de chegar à terra firme. Ao longo desta quarta, a Flórida foi atingida por ao menos 19 tornados, fenômenos que ocorreram devido à mudança do clima e da aproximação do furacão, segundo especialistas.

Na madrugada, os ventos destruíram o telhado do Tropicana Field, o estádio do time de beisebol Tampa Bay Rays. O local foi adaptado para socorristas atenderem a potenciais vítimas, com camas de emergência espalhadas pelo gramado.

A previsão é de que o Milton leve à região de 127 a 250 milímetros de chuva, o que pode superar a média para todo o mês no local. Segundo o NHC (Centro Nacional de Furacões, na sigla em inglês), o nível da água em alguns locais pode ultrapassar os quatro metros.
O Milton foi rebaixado para a categoria 3, em uma escala que vai até 5, na tarde de quarta. À noite, depois de tocar o solo, foi rebaixado de novo para a categoria 2 e, em seguida, para a 1. O enfraquecimento, contudo, era esperado e não mudou o prognóstico de risco dos especialistas.

A prefeita de Tampa, Jane Castor, afirmou em entrevista coletiva que não viu o nível de tempestade que os meteorologistas previram. Antes da chegada do Milton, ela havia feito um alerta contundente aos moradores para saírem da cidade: “se ficar, vai morrer”.

Mesmo assim, algumas pessoas decidiram permanecer. Moradora de Tampa, a americana Alicia Duval disse que os ventos ficaram mais fortes às 21h no horário local (22h em Brasília). Sem energia elétrica desde então, ela ainda avaliava os estragos na manhã desta quinta. “Meu pai está usando a última bateria [da máquina de oxigênio], mas agora que é dia temos como carregar no carro. Há muitas árvores caídas, e a nossa rua está inacessível. Todo mundo está tentando verificar suas casas. Parece que a minha teve danos na cerca, mas nada estrutural.”

Aqueles que fugiram para o norte em busca de segurança nos últimos dois dias encontraram rodovias congestionadas e longas filas nos postos de gasolina, mesmo com os acostamentos das rodovias abertos para tentar manter os carros em movimento. Moradores e seus animais de estimação lotaram hotéis e abrigos fora das zonas de evacuação.

Ao menos nove aeroportos da Flórida, um dos destinos de viagem mais populares do mundo, fecharam. “Esta é uma situação extremamente ameaçadora à vida”, disse o Visit Florida, a organização oficial de turismo do estado, ao aconselhar moradores e visitantes a “seguir os conselhos dados pelas autoridades locais e se retirar imediatamente se forem instruídos a fazê-lo”.

Parques de diversões, uma das principais atrações do estado, também anunciaram a suspensão de suas atividades, incluindo o mais famoso deles, o Walt Disney World. “Com base na projeção mais recente, estamos fazendo ajustes operacionais adicionais para a segurança de nossos hóspedes e membros do elenco”, afirmou a empresa ao informar que parte de seus serviços ficarão fechados pelo menos até quinta.

Na região de Orlando, moradores relatavam vento e chuva. O brasileiro Carlson Lisboa, que administra 150 casas de aluguel, estava em alerta. “Coloquei todas as mobílias externas para dentro das casas para evitar que elas voassem e machucassem alguém. Fiz uma carta com orientações aos hóspedes e estou mantendo contato com eles. Por enquanto, está tudo bem por aqui.”

O governador DeSantis conversou com o presidente americano, Joe Biden, sobre a emergência. Cerca de 8.000 membros da Guarda Nacional foram convocados.
A chegada do Milton ocorreu num momento em que a Flórida ainda não se recuperou completamente do Helene, outro furacão que impactou a região há duas semanas e deixou mais de 230 mortos e milhões de pessoas sem energia.