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Natura acerta venda da Avon Internacional pelo preço de um chiclete

A Natura acertou a venda da Avon International por apenas £ 1 (R$ 7,23), menos que uma passagem de metrô no Rio ou o preço de um chiclete

Em mais um movimento de se desfazer de ativos no exterior, a Natura acertou a venda da Avon International por apenas £ 1 (R$ 7,23)
Em mais um movimento de se desfazer de ativos no exterior, a Natura acertou a venda da Avon International por apenas £ 1 (R$ 7,23)

Em mais um movimento de se desfazer de ativos no exterior, a Natura acertou a venda da Avon International por apenas £ 1 (R$ 7,23), menos que uma passagem de metrô no Rio ou o preço de um chiclete. O negócio não inclui o mercado russo nem a marca e as operações da Avon para a América Latina. Com o anúncio, as ações da Natura subiam mais de 10% na Bolsa.

A transação foi anunciada três dias após a empresa vender operações da Avon em seis países da América Latina por US$ 1 (R$ 5,30). No mundo dos negócios, é comum ativos serem adquiridos por valores simbólicos quando seu nível de endividamento é elevado ou quando acumulam prejuízo.

A Avon Internacional tem empréstimos tomados com a própria Natura, que é sua controladora hoje. E, ao lado da Avon Card – cuja venda foi anunciada há três dias – vinha pressionando o desempenho da companhia.

No segundo trimestre, as operações da Avon Internacional e da Card registraram prejuízo de R$ 250 milhões, segundo analistas.

No caso da Avon Internacional, o acordo, firmado com a empresa de investimentos americana Regent, prevê pagamentos adicionais condicionados a certos indicadores de desempenho no futuro, os chamados earn-outs , e outros pagamentos contingentes.

Esses pagamentos serão limitados a £ 60 milhões (R$ 433,8 milhões).

Segundo comunicado da Natura, foi acertado que os recebíveis de empréstimos detidos pela Natura contra a Avon International “serão capitalizados antes do fechamento (da transação), e o restante será transferido à compradora”.

Em relatório, analistas da XP estimam esses empréstimos em R$ 1,6 bilhão. Segundo eles, o negócio deve ter efeito pontual no caixa da Natura porque a maior parte do crédito já foi consumida.

A Natura também acordou em fornecer uma linha de crédito garantida à Avon International de até US$ 25 milhões, com vencimento em cinco anos após a primeira utilização. A linha de crédito pode ser sacada em até um ano após a conclusão do negócio.

Desdobramentos da Venda e Impacto no Mercado

A marca na América Latina permanece com a Natura, enquanto o direito de uso da marca nos países onde hoje atua a Avon Internacional ficará com o comprador. “Assim, não devem ser pagos royalties para nenhuma das duas empresas”, dizem os analistas da XP.

O fechamento da operação está sujeito a aprovações regulatórias, como de praxe. A expectativa é que isso aconteça durante o primeiro trimestre de 2026.

Segundo a Natura, alternativas estratégicas para o mercado russo da Avon continuam a ser exploradas. A XP estima que a operação na Rússia represente menos de 10% das vendas da Avon Internacional.

Histórico da Aquisição e Desinvestimentos Recentes

A Natura concluiu a compra da Avon em 2020, numa tentativa de expandir a presença internacional do grupo. Naquele momento, a empresa americana estava avaliada em cerca de US$ 2 bilhões. No ano passado, a Avon Products, holding internacional da marca, entrou em recuperação judicial nos Estados Unidos.

Desde então, a Natura vem tentado se desfazer de alguns ativos da marca. A companhia também vendeu a The Body Shop em 2023. No mesmo ano, ela se desfez da australiana Aesop, comprada pela L´Oreal.

Danielle Nogueira