DECLARAÇÃO

Nas redes e antes de morrer, Juliana narrou alegrias do mochilão

Juliana Marins, que morreu após cair durante uma trilha e ficar quatro dias esperando o resgate na Indonésia, fazia um mochilão por países asiáticos

Nas redes e antes de morrer, Juliana narrou alegrias do mochilão Nas redes e antes de morrer, Juliana narrou alegrias do mochilão Nas redes e antes de morrer, Juliana narrou alegrias do mochilão Nas redes e antes de morrer, Juliana narrou alegrias do mochilão
Juliana Marins, que morreu após cair durante uma trilha e ficar quatro dias esperando o resgate na Indonésia, fazia um mochilão por países asiáticos
Juliana Marins, que morreu após cair durante uma trilha e ficar quatro dias esperando o resgate na Indonésia, fazia um mochilão por países asiáticos. Foto: Instagram

Juliana Marins, que morreu após cair durante uma trilha e ficar quatro dias esperando o resgate na Indonésia, fazia um mochilão por países asiáticos. Em últimas postagens nas redes sociais, ela relatou algumas dificuldades e alegrias vividas na viagem.

A brasileira, de Niterói (RJ), começou roteiro em fevereiro e já havia passado pelas Filipinas, Vietnã, Tailândia e, desde maio, estava na Indonésia. ”Há 36 dias saí do Brasil sozinha para viver esse mochilão. Estou vivendo devagar e sem muitos planos, improvisando e deixando a vida acontecer”, escreveu nas redes sociais em março.

Juliana relatou que o Vietnã foi seu destino preferido, enquanto, na Tailândia, aprendeu muito sobre seu ”propósito”. Ela contou ter explorado cidades tailandesas sozinha, ficado cinco dias em um retiro de yoga, feito cursos de mergulho, e até meditado ao lado de monges em um monastério budista.

“Tenho aprendido a me concentrar no meu corpo e em tudo que ele é capaz de fazer (por dentro e por fora). nesta terça-feira (24) sou grata por viver cada momento, por aceitar todas as emoções e não relutar em deixar elas irem e virem”, disse Juliana Marins.

Apesar das experiências, a jovem contou que enfrentava crises de ansiedade e saudades da família. ”Hoje liguei para eles chorando de saudade. Terminei a ligação com um sorrisão no rosto, rindo das bobeiras dos meus pais, e com uma paz no coração por ter vindo ao mundo nessa família”, falou na legenda de uma foto com os pais.

“Fazer uma viagem longa sozinha significa que o sentir vai sempre ser mais intenso e imprevisível do que a gente está acostumado. E está tudo bem. Nunca me senti tão viva”, disse Juliana Marins.

Juliana também agradeceu pelas amizades feitas nos países visitados. ”Para todas as pessoas que conheci nas Filipinas, muito obrigada por tudo. Especialmente Miriam, Kass, Felix, Anastacia, Simon e Merlin. Vocês fizeram meu tempo aqui verdadeiramente especial.”

Detalhes sobre o caso de Juliana Marins

Informação sobre morte veio após o quarto dia de tentativa de resgate da brasileira. “Com imensa tristeza, informamos que ela não resistiu”, afirmou a família. Poucas horas antes, o Ministério do Turismo daquele país afirmou que ela estava em “estado terminal”, segundo avaliação das equipes de busca.

Ainda não há informações se as equipes de busca continuarão os esforços para recuperar o corpo. Sete socorristas se aproximaram do ponto onde a brasileira está, mas armaram um acampamento móvel porque estava anoitecendo. A informação foi publicada pela administração do parque nas redes sociais nesta terça-feira.

Governo brasileiro lamentou a morte e informou que corpo de Juliana foi encontrado pelas equipes de resgate. Segundo o órgão, as buscas foram dificultadas pelas “condições meteorológicas de solo e de visibilidade adversas”.

Pai de Juliana está a caminho de Bali. Manoel Marins disse nas redes sociais que estava partindo de Lisboa para o país asiático por volta das 8h (horário de Brasília). Ele chegou ao aeroporto português nesta segunda-feira (23), mas não conseguiu voar devido a bombardeios da guerra entre Israel e Irã que fecharam aeroportos no Oriente Médio.

Parentes agradeceram pelo apoio das pessoas nas redes sociais. O perfil criado para compartilhar informações sobre o resgate da brasileira ganhou 1,5 milhão de seguidores em quatro dias.

O Acidente

A publicitária Juliana Marins, de 26 anos, tropeçou e escorregou durante a trilha na noite de sexta-feira (20). Ela rolou da montanha e foi parar a cerca de 300 metros abaixo do caminho da trilha, no vulcão Rinjani, na ilha de Lombok. Com isso, ficou debilitada e não conseguia se movimentar.

Três horas depois do acidente, um grupo de espanhóis encontrou a brasileira. A irmã dela, Mariana, vive em Niterói (RJ), disse ao UOL que as pessoas que passaram pelo local perguntaram o nome de Juliana e tentaram achar familiares e amigos dela pelas redes sociais.

Família acompanhou situação por fotos e vídeos enviados pelos espanhóis, na espera pelo resgate. Mariana diz que tudo se agravou com o aparecimento de uma neblina e umidade muito forte, que fez com que Juliana escorregasse ainda mais da pedra. A irmã chegou a dizer que seria um ”absurdo se ela morresse por falta de socorro”.

Dificuldades no Resgate

Demora no resgate ocorreu por dificuldades na trilha, diz governo local. A Barsanas (Agência Nacional de Resgate da Indonésia) afirmou que a dificuldade de acesso à trilha fez com que as pessoas que viram que Juliana tinha caído levassem oito horas até conseguir avisar as autoridades sobre o acidente. Segundo eles, desde o primeiro dia tentativas de resgate com cordas e macas foram feitas, sem sucesso.

Drone térmico localizou paradeiro da brasileira nesta segunda-feira, perto de um desfiladeiro. A agência de resgate afirmou nesta segunda-feira que Juliana foi vista imóvel, centenas de metros abaixo do ponto da queda original dela e à beira de um desfiladeiro de “altíssima dificuldade de acesso”.

LUANA TAKAHASHI E LORENA BARROS