
Um caso que mistura suspeitas de manipulação, violência e segredos familiares voltou a ganhar destaque nos Estados Unidos. Em Houston, no Texas, começou nesta segunda-feira (29) o julgamento de Sarah Hartsfield, ex-sargento do Exército, acusada de provocar a morte do quinto marido, Joseph Hartsfield, de 46 anos, por meio de uma dose letal de insulina em janeiro de 2023. A acusada, que se declara inocente, já havia se envolvido em episódios controversos nos relacionamentos anteriores.
Casado há 11 meses com Sarah, Joseph foi internado em 7 de janeiro de 2023 em estado crítico, com níveis de glicose extremamente baixos. O quadro levantou a suspeita de uma enfermeira, que relatou à polícia a possibilidade de envenenamento por insulina, um medicamento vital; contudo, uma substância de difícil detecção em casos de homicídio.
Joseph não resistiu e morreu no dia 15 daquele mês. Os exames confirmaram que a causa foi complicações decorrentes de efeitos tóxicos do medicamento. Apenas o tipo de morte foi classificado como indeterminado.
Registros mostram que Joseph planejava ter sua independência. Familiares disseram à polícia que ele chegou a admitir medo de ser morto pela esposa, por isso havia recentemente voltado à cidade natal, aberto uma conta bancária e planejado se divorciar.
Mensagens de Sarah
A polícia teve acesso a mensagens em que Sarah expressava desprezo pelo marido semanas antes da morte. Em uma delas, enviada a uma amiga, ela afirmou: “Eu paguei por tudo a ponto de não sobrar nada para mim. Ele só queria um dinheiro fácil e voltar a um estilo de vida que nunca poderia alcançar sozinho”.
Sarah, por outro lado, em sua audiência de fiança, sustenta que o marido morreu em consequência de um AVC causado por problemas de artéria completamente entupida e publicou, dias após a morte, uma mensagem nas redes sociais: “Estou sem emoções e perdida sem ele… Vou tentar dormir, não consigo mais chorar. Eu te amo, Joseph Hartsfield”, postou no Facebook. Ela foi presa uma semana depois.
Trajetória de acusações
A trajetória da americana é marcada por outras acusações. Em 2018, ela matou a tiros o ex-noivo, David Bragg, em Minnesota. Na época, afirmou ter agido em legítima defesa após ameaças e disparou “às cegas”, mas o caso voltou a ser analisado depois que ela foi indiciada pela morte de Joseph.
Dois anos antes, outro episódio já chamava a atenção da polícia: seu terceiro marido, Christopher Donohue, pediu uma medida protetiva alegando que Sarah havia entregue uma arma ao quarto marido, David George, para assassinar a nova esposa dele – plano que não se concretizou. George negou qualquer intenção de cumprir o plano. Sarah não foi indiciada pelo suposto esquema.
O histórico de relações conturbadas pesa contra a acusada. “Ela não é a pessoa inofensiva que tenta mostrar. Basta olhar seu histórico para perceber que há um lado muito maligno nela”, afirmou o xerife Brian Hawthorne.
Julgamento
O julgamento deve prosseguir, com duração estimada entre duas e três semanas. Ex-maridos de Sarah foram convocados para depor e devem trazer à tona novos detalhes de uma vida marcada por mortes e denúncias.