RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Lula liga para Macron, repudia tarifas de Trump e reforça acordo Mercosul-UE

Lula afirmou que o Brasil continuará trabalhando para concluir novos acordos comerciais e abrir mercados para a produção nacional.

 Foto Wagner Santana/Diário do Pará.
Foto Wagner Santana/Diário do Pará.

O presidente Lula (PT) telefonou para Emmanuel Macron, presidente da França, nesta quarta-feira (20), uma ligação de quase uma hora, na qual o brasileiro voltou a repudiar as tarifas impostas pelos Estados Unidos e a reforçar a intenção de firmar o acordo entre Mercosul e União Europeia.

“O presidente Lula repudiou o uso político de tarifas comerciais contra o Brasil e relatou as medidas que seu governo adotou para proteger os trabalhadores e as empresas brasileiras. Também informou o presidente Macron do recurso que o Brasil apresentou à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as injustificadas tarifas norte-americanas”, diz o comunicado do governo brasileiro.

Na conversa Lula também citou a investigação aberta pelo presidente dos EUA, Donald Trump, contra o Brasil, que ocorre no âmbito da chamada seção 301 da Lei de Comércio de 1974.

“Mesmo sem reconhecer a legitimidade de instrumentos unilaterais usados pelos Estados Unidos, como a Seção 301, o presidente Lula comentou sobre os esclarecimentos apresentados por seu governo”, diz a nota.

Macron e Lula comprometeram-se a finalizar o diálogo em torno da assinatura do Acordo Mercosul-União Europeia ainda neste semestre, durante a presidência brasileira do bloco.
O tema é caro para Lula, que cobrou o acordo com a França sucessivas vezes, chegando a pedir que o francês “abrisse o coração”.

Lula afirmou que o Brasil continuará trabalhando para concluir novos acordos comerciais e abrir mercados para a produção nacional. Destacou, nesse sentido, a conclusão do Acordo entre Mercosul e EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio) e a prioridade que tem conferido às negociações com novos parceiros, como Japão, Vietnã e Indonésia.

Os dois líderes também trocaram impressões sobre as negociações de paz na Ucrânia e falaram sobre a COP30, sobre a qual Macron apoiou que a realização da cúpula seja mantida em Belém. O Brasil vem sendo pressionado por países a trocar o local da cúpula por falta de estrutura para receber o evento.

Hoje, a França é um dos principais parceiros do Brasil. Em sua última visita ao país, neste ano em que se comemora o bicentenário da relação entre as duas nações, Lula e a primeira-dama, Janja, foram recebidos com pompa em Paris por Macron. Como parte das celebrações, a Torre Eiffel foi iluminada com as cores do Brasil, recurso utilizado apenas em ocasiões especiais.
Em 2024, os franceses se consolidaram como o segundo maior investidor por meio de fusões e aquisições no mercado brasileiro, realizando negócios em áreas que vão de infraestrutura a apostas esportivas.

Em falas públicas recentes, o presidente brasileiro já havia anunciado o objetivo de ligar para diversos líderes mundiais desde o começo das retaliações americanas contra o Brasil, com destaque aos representantes dos países integrantes do Brics.

Nos últimos dias, Lula já conversou por telefone com Narendra Modi, da Índia, Xi Jinping, da China, e duas vezes com o presidente russo, Vladimir Putin que relatou ao brasileiro sobre seu encontro com Trump na cúpula do Alasca.

As conversas trataram das relações comerciais dos países com o Brasil.