DESPEDIDA

Jornalistas da Al mortos em ataque de Israel são velados em Gaza

Os funerais dos cinco jornalistas da emissora Al Jazeera que morreram neste domingo (10) em um ataque israelense na Faixa de Gaza ocorreram nesta segunda-feira (11)

Os funerais dos cinco jornalistas da emissora Al Jazeera que morreram neste domingo (10) em um ataque israelense na Faixa de Gaza ocorreram nesta segunda-feira (11)
Os funerais dos cinco jornalistas da emissora Al Jazeera que morreram neste domingo (10) em um ataque israelense na Faixa de Gaza ocorreram nesta segunda-feira (11)

Os funerais dos cinco jornalistas da emissora Al Jazeera que morreram neste domingo (10) em um ataque israelense na Faixa de Gaza ocorreram nesta segunda-feira (11) no território palestino. Dezenas de homens levaram os corpos das vítimas até o cemitério Sheikh Redouan, na Cidade de Gaza.
Os correspondentes Anas al-Sharif e Mohammed Qreiqeh, junto com os cinegrafistas Ibrahim Zaher, Mohammed Noufal e Moamen Aliwa, estavam em uma tenda para profissionais da imprensa que foi atingida, segundo a rede de televisão fundada no Qatar.
Sharif era um dos jornalistas mais conhecidos da cobertura da guerra em Gaza. O Exército de Israel confirmou a sua morte, acusando o profissional de 28 anos de integrar o grupo terrorista Hamas. A emissora diz que as acusações são falsas.
No post na rede social X em que confirma o ataque, Israel não cita os outros jornalistas que também foram vítimas da ofensiva aérea. Um sexto profissional da imprensa, chamado Mohammed Al Khaldi, que ocasionalmente colaborava com meios de comunicação locais, também teria morrido, segundo o diretor do hospital Al Shifa afirmou nesta segunda-feira.
O escritório de direitos humanos da ONU condenou o assassinato dos jornalistas, dizendo que as ações do Exército israelense representaram uma “grave violação do direito humanitário internacional”.
O porta-voz do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou que o premiê está “profundamente preocupado” com a repetida ação contra jornalistas em Gaza. As mortes ocorrem três dias depois de o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu anunciar um plano para ocupar o território.
Quase 200 profissionais da imprensa já morreram no conflito, segundo organizações civis. Com o bloqueio de Gaza, veículos de comunicação ao redor do mundo dependem da cobertura de fotografias, vídeos e textos fornecida por jornalistas palestinos.
O Exército de Israel afirmou que Sharif era “o chefe de uma célula terrorista da organização terrorista Hamas e preparava ataques com foguetes contra civis e tropas” israelenses.
Também publicou nas redes sociais uma selfie dele com líderes do Hamas e uma tabela que supostamente mostra os nomes de membros do grupo terrorista, na qual aparece o nome do jornalista com seu salário correspondente aos anos de 2013 e 2017.
O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) acusou em julho o Exército israelense de organizar uma “campanha de difamação” contra Sharif ao retratá-lo em publicações online como membro do Hamas.
O primeiro-ministro do Qatar, Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, criticou duramente Israel por “um ataque deliberado” contra jornalistas. A rede é financiada pelo emirado e tem sido crítica à operação militar que Tel Aviv conduz em Gaza, de onde faz transmissões ao vivo.
O Sindicato dos Jornalistas Palestinos qualificou o ataque de “crime sangrento”, e a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) afirmou estar horrorizada com as mortes dos jornalistas.
A Al Jazeera afirmou que o ataque “é uma tentativa desesperada de silenciar vozes em antecipação à ocupação de Gaza”. E que havia denunciado recentemente o Exército israelense por uma “campanha de incitação” contra seus repórteres no território, incluindo Sharif.
Segundo o canal de TV, dez correspondentes da emissora foram mortos em ofensivas do Exército israelense em Gaza desde o início da guerra.
Uma mensagem póstuma de Anas al Sharif, escrita em abril para ser divulgada em caso de sua morte, foi publicada nesta segunda-feira (11) nas redes sociais. Ele pede que “não esqueçam Gaza”.
Al Jazeera e Israel mantêm uma relação conflituosa há vários anos. No ano passado, o gabinete de Netanyahu encerrou as operações da emissora em Israel, sob a acusação de que a rede de televisão ameaça a segurança nacional do país.
Nas últimas semanas, como resultado da crise de fome em Gaza desencadeada pelo bloqueio de ajuda humanitária imposto por Israel, uma série de países europeus passou a reconhecer a Palestina, incluindo Portugal, Espanha, Noruega e Eslovênia. Outros aliados de Israel, como Reino Unido, França e Canadá, também indicaram seguir no mesmo caminho em caso de piora da situação na região.