POLÊMICA

Entenda quem é Jeffrey Epstein, quais crimes cometeu e relações com Trump

Envolto em teorias da conspiração, escândalos sexuais e nomes poderosos, o caso de exploração sexual de Jeffrey Epstein tem ameaçado a popularidade de Trump. Entenda!

Reprodução/Internet
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Envolto em teorias da conspiração, escândalos sexuais e nomes poderosos, o caso de exploração sexual de Jeffrey Epstein tem ameaçado a popularidade do governo de Donald Trump nas últimas semanas.

Na quarta (23), uma juíza dos EUA negou o pedido do governo para divulgar depoimentos da investigação —uma tentativa do presidente de saciar sua base apoiadora que cobra a revelação total dos documentos. Entenda o caso e seus impactos contra políticos a seguir.

QUEM É JEFFREY EPSTEIN?

Jeffrey Epstein nasceu no Brooklyn, em Nova York, em 20 de janeiro de 1953, e iniciou sua carreira como professor de matemática no colégio de elite Dalton School, em Manhattan, apesar de não possuir diploma universitário completo. Foi a partir das conexões que fez na escola que conheceu Alan Greenberg, então diretor executivo da empresa de investimentos Bear Stearns, que o contratou no fim dos anos 1970.

Epstein rapidamente ascendeu no mundo financeiro, atuando como consultor e gestor de fortunas de clientes bilionários, especialmente por meio de sua empresa J. Epstein & Co., fundada em 1982. Embora o escopo e a origem de sua fortuna não sejam explícitos, ele construiu uma imagem de financista influente com acesso a elites políticas, acadêmicas e culturais.

O QUE É O CASO JEFFREY EPSTEIN?

O escândalo envolve uma vasta rede de exploração e tráfico sexual de menores que o financista Jeffrey Epstein, com a ajuda de sua ex-namorada Ghislaine Maxwell, supostamente operava. Epstein era acusado de pagar por atos sexuais com meninas adolescentes, de traficar dezenas de jovens, algumas com apenas 14 anos, e de forçá-las a prestar serviços sexuais em suas propriedades em Nova York, Flórida, Novo México e em sua ilha particular no Caribe —que posteriormente ficou conhecida como ilha Epstein.

O caso ganhou notoriedade não apenas pela gravidade dos crimes, mas também pela associação de Epstein com figuras públicas e poderosas —como o presidente Donald Trump, o ex-presidente Bill Clinton, o fundador da Microsoft, Bill Gates, e o príncipe Andrew do Reino Unido—, o que levantou dúvidas sobre a real extensão de sua rede e a possível relutância das autoridades em punir os infratores.

PELO QUE JEFFREY EPSTEIN FOI CONDENADO?

Jeffrey Epstein foi condenado em 2008 por solicitação de prostituição de uma menor. Ele se declarou culpado em um tribunal estadual de duas acusações criminais, incluindo aliciamento de menor, em um acordo para evitar acusações federais. Como resultado, Epstein foi obrigado a se registrar como agressor sexual e cumpriu quase 13 meses de prisão, recebendo imunidade contra acusações federais para si e seus potenciais cúmplices.

QUAIS SÃO OS OUTROS SUPOSTOS CRIMES DE JEFFREY EPSTEIN?

Além da condenação, Epstein foi acusado de diversos outros crimes. Em 2019, foi novamente preso e acusado de tráfico sexual e conspiração para traficar menores para fins sexuais. Dezenas de mulheres o acusaram de forçá-las a praticar atos sexuais com ele e seus convidados em suas propriedades e em sua ilha particular. Acusações adicionais, como as de Maria Farmer e Stacey Williams, incluem Epstein permitindo ou facilitando encontros nos quais Trump teria agido de forma inadequada com mulheres jovens.

O QUE É A ‘LISTA DE EPSTEIN’?

A “lista de Epstein” refere-se a um suposto arquivo ou registro que detalharia os clientes que teriam participado das atividades sexuais ilícitas do financista. Essa hipótese circulou amplamente nas redes sociais e foi impulsionada por aliados de Donald Trump que prometeram divulgá-la caso chegassem ao poder.

No entanto, neste mês, o Departamento de Justiça (DOJ) e o FBI, sob o governo Trump, afirmaram que os arquivos sobre Epstein não continham evidências de uma “lista de clientes incriminadora” e que tal lista nunca existiu, contradizendo as expectativas e promessas anteriores.

COMO JEFFREY EPSTEIN MORREU?

Epstein se suicidou em sua cela em uma prisão em Nova York, em 2019, enquanto aguardava julgamento pelas acusações de tráfico sexual. Embora médicos legistas tenham classificado a morte como suicídio, ela permaneceu envolvida em polêmica e é alvo de diversas teorias da conspiração que, sem provas, insunuam que ele teria sido assassinado para evitar que implicasse autoridades, celebridades e magnatas. O DOJ e o FBI, no início do mês, confirmaram que Epstein se suicidou, após analisarem mais de 300 gigabytes de dados.

QUEM SÃO AS VÍTIMAS DE JEFFREY EPSTEIN?

As vítimas incluíam adolescentes e dezenas de meninas, algumas com apenas 14 anos, que ele supostamente traficava e forçava a prestar serviços sexuais em suas propriedades. Uma das principais denunciantes e vítimas foi Virginia Giuffre, que era atendente de spa no resort Mar-a-Lago, de Trump, e afirmou ter sido forçada a fazer sexo com diversos homens famosos, incluindo o príncipe Andrew, do Reino Unido. Ela cometeu suicídio em abril.

Outras mulheres que se identificaram como vítimas de Epstein e Ghislaine Maxwell incluem Maria Farmer, que descreveu um encontro com Trump no escritório de Epstein, e Johanna Sjoberg, que também depôs contra Epstein e Maxwell. Uma investigação de 2006 chegou a identificar pelo menos uma dúzia de potenciais vítimas.

QUAL A RELAÇÃO DE JEFFREY EPSTEIN COM DONALD TRUMP?

Epstein e Trump foram amigos por quase 15 anos, convivendo lado a lado desde meados de 1990. Eles se conheceram na região de Palm Beach, na Flórida, onde ambos tinham propriedades e, por isso, frequentavam jantares e festas em ambientes como a mansão de Epstein em Nova York e o clube de Trump Mar-a-Lago, na Flórida, além de viajarem em jatos particulares de Epstein.

Trump chegou a descrever Epstein como um “cara incrível” e afirmou que ele “gosta de mulheres bonitas tanto quanto eu, e muitas delas são mais jovens”. A amizade terminou por volta de 2004, após um desentendimento relacionado a uma propriedade imobiliária, que ambos disputaram e o presidente conseguiu arrematar. Trump disse ter banido Epstein de seu resort devido a seu comportamento inadequado com a filha de um membro.

O republicano nunca foi acusado de qualquer irregularidade relacionada ao caso Epstein e negou ter conhecimento dos abusos de jovens mulheres pelo financista.

O QUE TEM NA SUPOSTA CARTA DE TRUMP A EPSTEIN?

O jornal americano The Wall Street Journal noticiou na semana passada que Trump teria assinado uma carta a Epstein, contida em um álbum organizado por Maxwell para o 50º aniversário do financista, em 2003. Este bilhete inclui um esboço de uma mulher nua e uma referência enigmática a um segredo que os dois homens compartilhavam. Trump, porém, negou ser o autor do material e entrou com um processo por difamação para contestar a história.

O QUE EPSTEIN TEM A VER COM PRÍNCIPE ANDREW, BILL CLINTON, BILL GATES E ELON MUSK?

O financista mantinha contato com diversas figuras de alto escalão, seja por laços sociais, seja por interesses profissionais. O ex-presidente Bill Clinton viajou diversas vezes no jato particular de Epstein e foi fotografado com ele em eventos; o fundador da Microsoft Bill Gates manteve encontros frequentes com o financista após sua primeira condenação, algo que mais tarde reconheceu como um erro; o príncipe Andrew foi acusado por Virginia Giuffre de tê-la forçado a fazer sexo quando ela ainda era menor de idade —acusação que resultou em um acordo judicial milionário; já Musk negou proximidade, mas seu nome apareceu em registros de voos e emails, o que levantou suspeitas. Nenhum deles foi formalmente acusado de envolvimento nos crimes.

POR QUE OS AMERICANOS PEDEM A DIVULGAÇÃO DOS ARQUIVOS EPSTEIN?

Os americanos, especialmente a base apoiadora de Trump, pedem a divulgação dos arquivos Epstein por várias razões. O caso —repleto de elementos de riqueza, conexões políticas, suposta impunidade e uma morte súbita— alimentou especulações e teorias da conspiração ao longo dos anos, inflamadas especialmente pela base republicana.

Nessa toada, aliados radicais de Trump, incluindo a secretária de Justiça dos EUA, Pam Bondi, e o diretor do FBI, Kash Patel, prometeram publicamente divulgar a “lista de Epstein” e mais informações caso chegassem ao poder. Essa promessa gerou uma expectativa de que Trump iria expor crimes sórdidos cometidos por elites.

No entanto, quando o governo Trump mudou abruptamente de rumo neste mês, e afirmou que tal lista não existia e que Epstein se suicidou, muitos apoiadores interpretaram a nova posição como um acobertamento, o que gerou indignação da base aliada e maior demanda por total transparência, algo que Trump tentou suprir ao ordenar a divulgação dos depoimentos do caso —uma parcela de todos os documentos da investigação que, até então, foi negada pela Justiça e, de todo modo, não parece satisfazer seus seguidores.