Pela primeira vez desde que as Conferências das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas (COP) são realizadas, o turismo foi incluído como eixo temático de um dos dias da cúpula. O marco histórico da COP29 levará os participantes da conferência a discutirem o papel do turismo como motor do desenvolvimento sustentável na próxima quarta-feira (20). Mas desde os primeiros dias de conferência, o Azerbaijão tem se empenhado em aproveitar a movimentação gerada pela COP para destacar os atrativos do país e da sua capital, Baku.
Maior cidade do Mar Cáspio e de toda a região do Cáucaso, Baku também é conhecida como a cidade dos ventos. Capital nacional mais baixa do mundo, a localização a uma altitude de 28 metros abaixo do nível do mar facilita a circulação dos ventos, o que contribui para intensificar a sensação térmica de frio durante o inverno.
Independente do clima, o visitante que chega a Baku é imediatamente impactado pela beleza da arquitetura que é herança deixada pela era do boom do petróleo na capital azerbaijana. Até a virada do século 20, o Azerbaijão foi o maior produtor mundial de petróleo, tendo sido marcado por abrigar o primeiro poço de petróleo perfurado mecanicamente em todo o mundo.
Diante do crescimento acelerado provocado pela exploração do combustível fóssil, Baku viu sua paisagem urbana se modificar e as marcas desse período são vistas, ainda hoje, na arquitetura que se formou em torno da Cidade Antiga. Presentes em diferentes pontos da cidade, os edifícios e mansões desta época se aproximam muito dos vistos em outras capitais europeias, como é o caso de Paris, misturando os estilos gótico, barroco, neoclássico e Art Nouveau.
Como não poderia deixar de ser, toda essa arquitetura contrasta com a rusticidade presente na Cidade Antiga, chamada localmente de Icherisheher. Patrimônio Mundial da Unesco, a cidade antiga é o núcleo medieval de Baku, cercada por muralhas que datam do século 12, muito antes do início do processo de colonização do Brasil como se conhece hoje, ocorrido já no século 16.
É de impressionar que, passados nove séculos, não apenas a estrutura esteja de pé, como ainda hoje abrigue uma vida ativa, marcada pela presença de museus, monumentos, galerias de arte, bazares, hotéis, restaurantes e, sobretudo, milhares de residentes.
Quando se cruza o portão de acesso incrustado na muralha medieval, a sensação é de adentrar uma parte da história do Azerbaijão. Do lado de dentro do grande muro, os becos estreitos que em muito se assemelham a um labirinto levam a um dos grandes pontos turísticos de Baku, a Torre da Donzela. A construção imponente até hoje é envolta em mistérios por não se saber, ao certo, a data de sua construção e qual foi o seu propósito inicial. Apesar disso, o local é disputado pelos turistas que se desdobram para conseguir enquadrar toda a construção na foto.
A tapeçaria
Não muito distante do núcleo antigo da cidade, é possível conhecer outro aspecto da cultura do Azerbaijão, a atividade de tapeçaria. A atividade é tão representativa para o país que tem até um museu dedicado a ela, o Museu do Tapete. A construção, em formato de um tapete enrolado, foi inaugurada em 2014, mas o museu em si remonta a mais tempo e foi criado com o objetivo de pesquisar e exibir a arte de tecelagem de tapetes do Azerbaijão.
Atualmente, o museu abriga a maior coleção de tapetes do Azerbaijão do mundo, com mais de 6 mil peças, algumas datando entre os séculos 17 e 20. Além das peças em exibição, também é possível acompanhar o processo de produção dos tapetes azerbaijanos. Logo na entrada do museu e também no andar superior, artesãs fazem demonstrações ao vivo.
Em se tratando de museu, outra visita que vale a pena é o Centro Heydar Aliyev. Com uma arquitetura completamente diferente da observada na Cidade Velha e nos prédios remanescentes do boom do petróleo, a estrutura projetada pela arquiteta iraquiana-britânica Zaha Hadid parece derreter no horizonte.
Sem uma única linha reta, a construção tem uma forma curva e ondulada que impacta desde a primeira vista. Não à toa, o prédio que abriga um complexo de exposições e museus, foi vencedor do Prêmio de Design do Ano do Museu de Design de Londres dois anos depois de sua inauguração em 2012.
Ainda entre os exemplares dessa arquitetura mais moderna, a Flame Towers, ou Torre de Chamas, é avistada à distância de quase qualquer lugar da cidade de Baku. O edifício formado por três torres pontudas é um dos principais cartões postais da capital do Azerbaijão. Cada um dos três arranha-céus em forma de chama abriga uma atividade diferente: um hotel, um bloco de apartamentos e um bloco de escritórios.
Apesar destes e de outros atrativos que chamam a atenção, Baku ainda espera a presença mais massiva de turistas oriundos de regiões mais distantes no globo. De acordo com dados divulgados pela Agência Estatal de Turismo da República do Azerbaijão, o maior volume de turistas que visitaram o país em 2023 é oriundo da Rússia, Turquia e Irã.
O Brasil não aparece na lista, apesar de existirem pacotes para grupos de turismo para o Azerbaijão com saída do Brasil. Responsável por uma agência de viagens que contempla o Azerbaijão como destino turístico, André Salgado já foi a Baku por diversas vezes e destaca que é diferente de tudo o que já viu.
“Você sai e visita a Cidade Antiga de Baku, que é linda, é um pedaço da cidade parado no tempo e com um deslocamento mínimo ou você está na Flame Towers, que é hiper moderna que beira o inacreditável, que beira a ficção científica. Então, a região do Cáucaso está entre os 10 destinos que eu digo que não se pode deixar de ir”.
A repórter viajou a convite do Instituto Clima e Sociedade – iCS)