Após nove meses na Estação Espacial Internacional (ISS), os astronautas da NASA Sunita Williams e Butch Wilmore estão finalmente a caminho da Terra. O retorno, aguardado há meses, deve ser concluído nesta terça-feira, com pouso programado para às 18h57.
A Nasa informou que a dupla, a bordo da cápsula Dragon Freedom, já se prepara para a reentrada na atmosfera. Vestindo seus trajes espaciais, os astronautas passarão pelos últimos procedimentos antes do pouso controlado no oceano, que deve ocorrer nas próximas horas.
O procedimento faz parte dos protocolos de segurança para garantir uma descida estável e proteger a tripulação nessa fase final da missão. Os astronautas serão resgatados em um ponto próximo à costa da Flórida, nos EUA.
Não existem shoppings no espaço, e os correios não fazem entregas a 400 quilômetros de altitude. Suni Williams e Butch Wilmore tiveram que usar as mesmas roupas repetidamente? Havia comida suficiente para todos? Como eles mantiveram contato com amigos e familiares?
No início, Williams e Wilmore ficaram sem roupas extras. Um dos banheiros da estação quebrou, e suas malas foram retiradas da espaçonave Starliner – que os levou à órbita – para dar lugar a uma bomba de reposição. Isso significou que eles precisaram contar com roupas sobressalentes disponíveis na estação.
A Nasa enviou seus pertences alguns meses depois, a bordo de uma nave de carga da Northrop Grumman. Essas naves robóticas chegam periodicamente da Rússia e dos Estados Unidos, trazendo alimentos, suprimentos e experimentos.
A tripulação da estação espacial está, sem dúvida, fisicamente separada dos outros 8 bilhões de habitantes do planeta abaixo. Mas eles não estão completamente isolados da civilização, como os exploradores de séculos passados, que navegavam para novos continentes e ficavam anos sem dar notícias – às vezes, nunca mais eram vistos novamente. Hoje, astronautas podem enviar e-mails do espaço e até fazer chamadas de vídeo com amigos e familiares.
No mês passado, em conversa com Michael Barbaro, apresentador do podcast The Daily , do The New York Times , Wilmore falou sobre como os desafios de uma permanência no espaço mais longa que o esperado não se comparam ao que as pessoas enfrentam em desastres naturais, como o furacão Beryl, que atingiu Houston em julho passado.
Para Williams e Wilmore, essa missão se tornou uma jornada muito mais longa do que o previsto. A dupla chegou à ISS em junho do ano passado para um voo teste de poucos dias da cápsula Boeing Starliner.
No entanto, devido a falhas na espaçonave, a Nasa decidiu deixar os astronautas na estação e retornar a cápsula vazia. Desde então, eles passaram nove meses em órbita, aguardando a chegada de novos tripulantes para substituí-los e garantir a continuidade das operações. O voo de retorno estava previsto para fevereiro, mas sofreu sucessivos adiamentos até este mês.
Embora extensa, a permanência dos astronautas na ISS não é incomum ? muitos tripulantes passam meses no espaço, e alguns já ficaram mais de um ano na estação. Durante esse período inesperado, Williams e Wilmore se dedicaram a experimentos científicos, especialmente estudos sobre os efeitos da ausência de gravidade no corpo humano.
O prolongado tempo em órbita despertou o interesse de entusiastas do espaço e do público em geral, fascinados pelo desenrolar da missão. Os astronautas demonstraram grande entusiasmo com a experiência, compartilhando transmissões frequentes da estação e falando positivamente sobre sua estadia.
Não exatamente. A espaçonave que trará Williams e Wilmore de volta está acoplada à estação espacial desde setembro do ano passado e poderia ter retornado à Terra a qualquer momento.
Os dois astronautas partiram para a estação espacial em junho de 2024 a bordo da Starliner, uma cápsula construída pela Boeing sob contrato da Nasa. A missão era um voo de teste, mas problemas de propulsão fizeram com que funcionários da Nasa decidissem não utilizar a Starliner para trazer os astronautas de volta após levantaram preocupações sobre sua confiabilidade.
O maior receio da Nasa era que a Starliner não conseguisse gerar impulso suficiente para deixar a órbita e iniciar a descida segura ao planeta. Diante desse impasse, a agência espacial decidiu modificar seus planos: a missão Crew-9, da SpaceX, que já estava programada para decolar no fim de setembro, levaria apenas dois astronautas, em vez de quatro.
Em setembro, a Starliner desacoplou da estação espacial, reentrou na atmosfera e pousou no Novo México sem problemas ? mas sem nenhum tripulante a bordo.
Há cerca de dez anos, a Nasa contratou tanto a Boeing quanto a SpaceX para desenvolver novas cápsulas capazes de levar astronautas à ISS. A ideia era ter dois veículos operacionais, garantindo alternativas em caso de falhas em um deles. No entanto, os recentes problemas enfrentados pela Starliner tornaram a SpaceX a única operadora ocidental de viagens para a ISS e consolidou a empresa de Elon Musk como a principal escolha da agência para missões tripuladas.
Em uma entrevista no mês passado, o apresentador Michael Barbaro, do podcast The Daily , perguntou aos astronautas:
“Se vocês não estão exatamente presos, como descreveriam essa situação?” Wilmore respondeu: “Ótima pergunta. Eu diria que é trabalho. É um prazer maravilhoso. É divertido. É desafiador às vezes, sem dúvida. Mas presos? Não. Isolados? Não. Abandonados? Também não”.
Essa foi a terceira missão espacial de Williams, 59 anos, e Wilmore, 62, e pode ser a última. “Estamos voltando para casa. E isso faz você querer aproveitar cada momento que ainda tem aqui em cima”, disse Williams.
FLÓRIDA, EUA, 18 (AG)