O japonês Susumu Kitagawa, o britânico Richard Robson e o jordaniano Omar Yaghi foram anunciados nesta quarta-feira (8) como os vencedores do Prêmio Nobel de Química de 2025.
De acordo com a Real Academia de Ciências da Suécia, os três cientistas foram reconhecidos por desenvolverem uma nova forma de arquitetura molecular, com aplicações essenciais em um contexto de crise climática. Suas descobertas possibilitam avanços em áreas como a coleta de água do ar em regiões desérticas, a captura de dióxido de carbono da atmosfera — principal gás responsável pelo aquecimento global — e o armazenamento seguro de gases tóxicos.
Os laureados criaram construções moleculares com grandes espaços por onde gases e outros compostos químicos podem fluir. Essas estruturas, conhecidas como estruturas metal-orgânicas (MOFs), podem ser utilizadas não apenas para coletar água do ar do deserto, capturar dióxido de carbono e armazenar gases tóxicos, mas também para catalisar reações químicas e conduzir eletricidade.
Em suas construções, íons metálicos funcionam como pilares ligados por longas moléculas orgânicas (à base de carbono). Juntos, esses elementos formam cristais com amplas cavidades internas. Ao variar os blocos de construção das MOFs, os químicos podem projetar materiais capazes de capturar e armazenar substâncias específicas, abrindo caminho para aplicações sob medida em diferentes campos da ciência e da indústria.
“As estruturas metal-orgânicas têm um potencial enorme, trazendo oportunidades nunca antes previstas para materiais feitos sob medida com novas funções”, afirmou Heiner Linke, presidente do Comitê Nobel de Química.
A história dessas descobertas começou em 1989, quando Richard Robson explorou as propriedades dos átomos de forma inédita. Ele combinou íons de cobre com carga positiva a uma molécula de quatro braços, cujas extremidades eram atraídas pelos íons de cobre. O resultado foi um cristal organizado e espaçoso, semelhante a um diamante repleto de cavidades.
Embora Robson tenha reconhecido o potencial da estrutura, ela ainda era instável. Foi então que Susumu Kitagawa e Omar Yaghi deram o passo decisivo para consolidar a técnica. Entre 1992 e 2003, ambos realizaram uma série de descobertas fundamentais:
- Kitagawa demonstrou que gases podiam penetrar nas estruturas e que as MOFs poderiam ser flexíveis.
- Yaghi desenvolveu um MOF altamente estável e mostrou que ele poderia ser modificado de forma racional, adquirindo novas e desejáveis propriedades.
Após essas descobertas pioneiras, cientistas do mundo todo criaram dezenas de milhares de tipos diferentes de MOFs. Muitos deles têm potencial para solucionar alguns dos maiores desafios da humanidade, com aplicações que vão desde a remoção de PFAS da água e a decomposição de resíduos farmacêuticos no meio ambiente, até a captura de CO₂ e a obtenção de água do ar em regiões áridas.
Perfis dos laureados
- Susumu Kitagawa — Nascido em 1951, em Kyoto, Japão. Doutor em 1979 pela Universidade de Kyoto, onde é atualmente professor.
- Richard Robson — Nascido em 1937, em Glusburn, Reino Unido. Doutor em 1962 pela Universidade de Oxford. Professor na Universidade de Melbourne, Austrália.
- Omar M. Yaghi — Nascido em 1965, em Amã, Jordânia. Doutor em 1990 pela Universidade de Illinois, em Urbana-Champaign, EUA. Professor na Universidade da Califórnia, em Berkeley.