O alpinista indonésio Agam Rinjani, que se voluntariou para participar da operação de resgate do corpo da brasileira Juliana Marins, tornou-se símbolo de coragem e solidariedade nos últimos dias. Desde a véspera do acidente, Agam vinha compartilhando nas redes sociais detalhes das buscas no Monte Rinjani e, após a conclusão da missão, viu sua conta no Instagram ultrapassar 1 milhão de seguidores — impulsionada pela comoção de brasileiros e por mensagens de gratidão de todo o mundo.
“Você é um herói”, “O Brasil te agradece”, “Um exemplo de humanidade” — foram apenas algumas das mensagens deixadas por milhares de seguidores emocionados com o gesto.
Mais sobre Agam Rinjani
Nascido em Makassar, na Indonésia, Agam é formado pela Universidade Hasanuddin e atua também como produtor de café. Antes da repercussão do caso Juliana Marins, ele mantinha um perfil discreto nas redes sociais, onde dividia com poucos seguidores suas expedições, mensagens sobre preservação ambiental e reflexões pessoais.
“É preciso coragem para começar algo, e uma alma forte para terminar”, escreveu ele em uma das postagens que viralizaram.
Agam já havia participado de outros resgates na região e é reconhecido entre os guias locais pela experiência em áreas de risco no Monte Rinjani. Ao saber do desaparecimento de Juliana, ele se dirigiu imediatamente à montanha — acompanhado do também alpinista Tyo Survival, que colaborou nas buscas.
Ambos documentaram os momentos da subida e os bastidores da operação, ganhando rapidamente a atenção da internet.
15 horas ao lado do corpo: bastidores do resgate
Em uma live feita nesta quarta-feira (25), Agam revelou detalhes comoventes sobre o esforço para retirar o corpo de Juliana, localizado a cerca de 600 metros de profundidade em um penhasco.
“Foram mais de 15 horas ao lado do corpo. Tivemos que descer com muito cuidado. A neblina era densa, fazia frio intenso e o terreno era extremamente perigoso. Mas não podíamos deixá-la ali”, contou.
A ação foi liderada pela Agência Nacional de Busca e Resgate da Indonésia (Basarnas) e envolveu equipamentos técnicos, cordas e apoio de guias locais.
Agam Rinjani revelou os bastidores intensos e emocionantes da missão de resgate do corpo de Juliana Marins. Segundo ele, a operação durou cerca de 15 horas sob frio intenso, vento cortante e risco constante de desabamento, em um penhasco extremamente íngreme e com solo instável. Após confirmarem que Juliana havia falecido, Agam e sua equipe de voluntários se mantiveram a apenas três metros do corpo, passando a noite ali, pendurados nas rochas, enquanto aguardavam apoio para a retirada.
Sem comida adequada, dividiram entre si um chocolate — o único alimento que tinham. Em meio à tensão, cordas se romperam, eles quase despencaram e chegaram a acreditar que não sairiam vivos dali. Ainda assim, permaneceram firmes, protegendo o corpo da brasileira com o máximo de dignidade.
Doações voluntárias
Agam também contou que, após o resgate, passou a receber doações espontâneas de pessoas tocadas pela história — e que pretende usar os recursos para melhorar a infraestrutura das trilhas no Monte Rinjani e apoiar os guias e carregadores da região, investindo na segurança das trilhas do Monte Rinjani.
“Quero garantir que turistas tenham mais segurança e que os profissionais daqui tenham melhores condições para trabalhar”, declarou.