A festança é conhecida como “A Noite Mais Longa do Ano” e acontece na cidade do Porto há…….700 anos, de acordo com Fernão Lopes, um cronista que visitou a cidade no século XIV. O São João, tradicional no Pará, tem raízes ainda mais antigas, com origem pagã e tudo. Era relacionado à época da chegada de verão e grandes colheitas, entretanto com o tempo ganhou um perfil mais cristão e foi ligado à figura de São João Batista.
Hoje, 24 de junho, o São João ganha as ruas da “Invicta” mas a celebração começa na noite anterior. Música, animação, cores, pancadinhas com martelo de plástico, uma demonstração de carinho, festa e boa disposição, e mesa farta fazem parte da programação. Mas o cardápio é bem diferente do que acontece no Brasil. Aqui, os pratos levam sardinhas e fibra de porco, assados na brasa, salada de pimentão, batatas cozidas, pães com azeite português, além de vinho tinto ou verde e cerveja.
A Experiência Brasileira no São João do Porto
“Durante todo o ano, a partir das 22h não mais é permitido barulho. Contudo, na noite de véspera, e também na madrugada de 24 de junho, pode-se festejar à vontade por quantas horas quiser. É o único dia do ano que se permite isso no Porto”, diz Luis Proença, proprietário do Porto Concept Home, um projeto de residência estudantil que no momento abriga 65 estudantes universitários, todos brasileiros, em três unidades.
Um desses estudantes é a paraense Ana Matos, de 19 anos. Ela nasceu em Belém e chegou a Portugal há menos de um ano. Nunca havia saído do Brasil. Cursa Direito na Universidade Portucalense, no Porto e, após formada, tem o projeto de seguir morando e trabalhando em Portugal. “A energia aqui é fantástica e me sinto em casa. A festa é muito bonita e estou muito feliz”, diz ela, que participa do São João no Porto pela primeira vez.
Sabores do São João: Tradições do Pará encontram Portugal
A comida pode ser um pouco diferente do que temos no São João no Pará: o vatapá, a maniçoba, o tacacá, os mingaus de milho e arroz, a paçoca, a cocada e o bolo de tapioca (bolo podre). Mas o espírito de celebração é o mesmo com suas bandeirolas, balões e fogos de artifício.
As ruas, especialmente a Ribeira do Porto, na altura da ponte D. Luis I, reúnem milhares de pessoas. Mas a festa também acontece dentro das casas e, da mesma forma que no Círio de Nazaré as ruas de Belém ficam impregnadas com o cheiro da maniçoba, aqui para todos os lados o cheiro é de sardinha assada.
Arte e cultura na celebração
Na residência estudantil do Porto Concept Home, na freguesia de Paranhos, onde esteve o DIÁRIO NA EUROPA, e onde a data é celebrada desde o início do projeto, há seis anos, houve inclusive a inauguração de um mural pintado por Estela Oliveira, estudante de arquitetura e muralista. Ela reproduziu, com a alma brasileira, alguns dos pontos mais emblemáticos do Porto, como a ponte D. Luis I, a Torre dos Clérigos e a Ribeira.
* Sérgio Augusto do Nascimento é um jornalista paraense que vive em Portugal. Foi repórter e editor e hoje é correspondente do DIÁRIO na Europa.