O ex-ministro dos Transportes da Rússia, Roman Starovoit, foi encontrado morto nesta segunda (7), horas depois de ser demitido pelo presidente Vladimir Putin.
A polícia acredita em suicídio. Segundo o Comitê Investigativo da Rússia, que cuida desses casos, Starovoit foi achado dentro de seu carro em um parque próximo de Moscou com um ferimento a bala e sua pistola pessoal ao lado do corpo.
A demissão de Starovoit, 53, era dada como certa havia meses, após uma ascensão que parecia sólida na carreira. O político foi governador da região de Kursk, no sul do país, até de 2019 até 2024. Em maio do ano passado, após ser reeleito, Putin o indicou para a pasta dos Transportes.
A invasão de Kursk por força da Ucrânia em agosto passado mudou o cenário. No escrutínio das falhas defensivas do território, foram encontradas suspeitas de corrupção e seu sucessor, Alexei Smirnov, acabou sendo preso ao lado de outras autoridades do grupo político de Starovoit.
A apuração apontou que as fortificações de fronteiras, facilmente violadas pelos ucranianos, custaram o equivalente a cerca de R$ 1 bilhão e levaram três anos para serem feitas, o que foi considerado excessivo. O ministro em si não foi indiciado, mas observadores do Kremlin consideravam sua saída como inevitável.
O fato de ter morrido, claro, levantará as suspeitas usuais na Rússia. Há registro de mortes em circunstâncias obscuras, como quedas de janelas ou infartos repentinos, de uma série autoridades envolvidas em casos de corrupção ou que expressaram críticas públicas ao governo.
No caso de Starovoit, contudo, um analista político próximo do Kremlin disse à reportagem que tudo leva a crer no suicídio, dado que era considerado inevitável que ele fosse processado no caso que levou Smirnov à cadeia em abril passado.
A invasão de Kursk foi o maior constrangimento na guerra iniciada por Putin em 2022 até aqui. Nenhuma força estrangeira havia entrado em território russo desde que os nazistas atacaram a União Soviética, em 1941.
As forças do Kremlin só recuperaram Kursk após oito meses, expulsando os invasores com a ajuda de reforços vindos da Coreia do Norte, ditadura que assinou pacto de defesa mútuo com a Rússia no ano passado.
IGOR GIELOW