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'Meu pai testava armas químicas nos meus cachorros', diz filho de Bin Laden

Bin Laden comandou o atentado às Torres Gêmeas, em Nova Iorque. Foto: Divulgação
Bin Laden comandou o atentado às Torres Gêmeas, em Nova Iorque. Foto: Divulgação

UOL-FOLHAPRESS

Aos 41 anos, Omar, o filho de Osama Bin Laden, mora na Normandia, no norte da França, com a esposa, Zaina, 67. Ele vive da arte, mais precisamente da pintura de quadros que chega a vender por até R$ 54 mil cada. Ele se diz um homem feliz e realizado, mas nem sempre foi assim, pois afirma que cresceu traumatizado e chegou a desenvolver síndrome do pânico por conta das ações do pai.

Quarto filho de Osama Bin Laden, antigo líder da Al Qaeda, responsável pelo atentado contra as torres gêmeas nos EUA, em setembro de 2001, Omar contou em recente entrevista ao jornal britânico The Sun que já sofreu de transtorno de estresse pós-traumático por conta do ataque terrorista, que o levou a ter episódios de pânico e buscar ajuda médica. Para ele, o atentado foi o ápice de uma infância marcada por traumas.
“Eu só tento esquecer todos os momentos ruins o máximo que posso. É muito difícil. Você sofre o tempo todo”, afirma o pintor.

Omar nasceu na Arábia Saudita, em 1981. Aos 15 anos, foi escolhido pelo pai para acompanhá-lo e viver em Tora Bora, um complexo de cavernas no leste do Afeganistão. Foi lá que Omar diz ter aprendido a atirar com fuzis AK-47 e a dirigir um tanque de guerra russo.

Foi em Tora Bora também que ele viu seus cães de estimação serem mortos em experimentos com armas químicas conduzidos por membros da organização terrorista comandada pelo pai. Ele diz ter ficado “enojado” com a situação.

“Meu pai nunca me pediu que eu fizesse parte da Al Qaeda, mas disse que eu era o filho escolhido para continuar seu trabalho. Ele ficou desapontado quando eu disse que não era adequado para aquela vida”, declarou. Ao ser indagado pelo The Sun sobre a escolha de seu pai para que ele fosse seu sucessor, Omar não soube explicar a razão. “Não sei, talvez porque eu fosse o mais inteligente. Por isso estou vivo hoje”.

Omar partiu de Tora Bora em abril de 2001, cinco meses antes do atentado às Torres Gêmeas, em Nova Iorque. Ao se despedir do pai, ele não imaginava que aquela seria a última conversa entre os dois. Dez anos depois, quando estava no Qatar, soube pela imprensa que seu pai tinha sido morto por fuzileiros navais americanos em um esconderijo no Paquistão.

“Achei que estava tudo acabado e que não ia mais sofrer. E eu me enganei, porque as pessoas ainda me julgam até hoje.”, diz Omar, lembrando que não chorou pela morte do pai. Porém, lamentou que ele não tenha tido um funeral. O pintor também duvida do relato oficial de que o corpo do terrorista teria sido lançado ao mar. “Acho que levaram o corpo dele para os EUA, para as pessoas verem”.

“Omar ama e odeia Osama ao mesmo tempo. Ele o ama porque é o pai dele, mas odeia o que ele fez”, diz Zaina, esposa de Omar. Antes de se casar com o quarto filho mais velho de Bin Laden, a britânica era conhecida como Jane Felix-Browne e chegou a ter um cargo eletivo semelhante ao de vereadora em Cheshire, condado no noroeste da Inglaterra.

Ela o conheceu durante um passeio a cavalo perto da Grande Pirâmide, em Gizé, no Egito, em 2007, e eles se casaram logo depois. Em 2010, tentaram ter um filho por fertilização in vitro, mas a mãe de aluguel sofreu um aborto na décima semana de gestação dos gêmeos.

O casal conta que quer viver no Reino Unido, mas Omar diz que foi impedido de entrar no país há dois anos. “Quando coloquei meu pé em solo inglês, eles nos levaram imediatamente para a sala de interrogatório por muitas horas. Mas foram muito gentis e muito respeitosos.”

QUEM É OMAR BIN LADEN
Omar herdou da mãe, Najwa, a primeira esposa do pai, o gosto pela pintura. Em entrevista à Vice norte-americana, ele falou sobre as suas inspirações artísticas, que vão desde a fazenda dos pais no interior da Arábia Saudita, onde brincava na infância, às paisagens do velho oeste americano.

As paisagens em suas pinturas alternam as dunas dos desertos sauditas e as margens do Rio Nilo, com os cactos, árvores secas e esqueletos de animais do Arizona.