NELSON DE SÁ
HIROSHIMA, JAPÃO (FOLHAPRESS) – O avião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pousou no aeroporto de Hiroshima minutos antes da meia-noite desta quinta-feira (18), no horário local, e a comitiva seguiu direto para o Ana Crowne Plaza Hotel, onde ele ficará hospedado até segunda-feira (22), quando volta ao Brasil.
Pelo Twitter, com fotos da chegada, o líder brasileiro afirmou que “a agenda de encontros bilaterais começa amanhã”. “E agora boa noite, aqui está tarde.” Antes, “sobrevoando o Pacífico”, o petista havia registrado: “Sim, a terra é redonda, e estamos chegando do outro lado do globo”.
O voo durou 28 horas, segundo a comitiva brasileira. Apesar da recomendação médica para reduzir o ritmo de viagens, devido às dores que tem no quadril e até à possibilidade de ter que se submeter a uma cirurgia, Lula vai cumprir nos próximos três dias uma maratona de reuniões bilaterais e entrevistas coletivas durante a cúpula do G7, grupo com algumas das maiores economias do mundo.
O brasileiro e outros líderes de países emergentes foram convidados para o encontro anual. Trata-se da sétima participação de Lula no evento, nessa condição. Ele hesitou em ir, mas acabou aceitando na última semana o convite feito pelo anfitrião, o Japão. A última vez em que ele e o Brasil foram chamados ao G7 foi no final de seu segundo mandato, há 14 anos.
Pela ordem, Lula vai se reunir com o primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, no final da tarde desta sexta-feira (19). No sábado (20) pela manhã, foram programados os encontros com o primeiro-ministro Fumio Kishida, do Japão, e o presidente Joko Widodo, da Indonésia. A partir do final da tarde de sábado, o presidente brasileiro fará reuniões separadas com Emmanuel Macron, presidente da França, e com Olaf Scholz, primeiro-ministro da Alemanha, os principais líderes europeus.
Na tarde de domingo, os encontros serão com o português António Guterres, secretário-geral da ONU, e Pham Minh Chinh, primeiro-ministro do Vietnã. Ainda estão em tratativas as possíveis reuniões com os primeiros-ministros Narendra Modi, da Índia, e Justin Trudeau, do Canadá.
As bilaterais serão entremeadas, no sábado e no domingo, pela participação do brasileiro em três sessões de trabalho da programação oficial da cúpula, quando ele e os demais deverão fazer pronunciamentos curtos, de três minutos cada um.
Na primeira, no sábado, intitulada “Trabalhando juntos para enfrentar múltiplas crises”, serão abordados problemas de alimentação, saúde, desenvolvimento e gênero. É dela que deve sair um comunicado conjunto, sobre fome, a ser assinado ao final da cúpula não só pelos membros do G7 mas por convidados, inclusive Lula. Haveria divergências, porém, quanto ao conteúdo.
Também no sábado, na sessão de trabalho “Esforços conjuntos para um planeta resiliente e sustentável”, os temas serão clima, energia e ambiente. No domingo, “Rumo a um mundo pacífico, estável e próspero”, quando deve ser abordada a Guerra da Ucrânia. Lula deverá falar em favor das iniciativas de paz externas ao G7, lançadas por Brasil, China e agora países africanos, encabeçados pela África do Sul.
Espera-se do encontro, por outro lado, em contraposição sobretudo à China, a defesa conjunta de uma “cúpula da paz” a ser encabeçada pelos próprios membros do G7, em apoio à Ucrânia. O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, deve participar do encontro do G7 em Hiroshima, talvez presencialmente.
Nesta quinta, os EUA aumentaram a lista de medidas contra a Rússia. Washington colocou sob sanção 70 entidades e vão instituir outras 300 punições contra indivíduos, entidades, embarcações e aeronaves russos. Segundo uma autoridade americana que falou com repórteres sob condição de anonimato, as medidas visam interromper a capacidade da Rússia de obter materiais para o campo de batalha, fechar brechas usadas para escapar de sanções, reduzir ainda mais a dependência internacional da energia russa e limitar o acesso de Moscou ao sistema financeiro internacional.
Embora sem a grande comitiva empresarial que o acompanhou à China e com um único ministro, o chanceler Mauro Vieira, Lula também terá um encontro de negócios no Japão. No domingo, reúne-se com os presidentes de quatro corporações, Mitsui, NEC, Nippon Steel e Toyota, e do JBIC (Japan Bank for International Cooperation). Três deles, de Mitsui, Toyota e JBIC, encontraram-se há uma semana com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quando este veio ao encontro de ministros de Finanças do G7.
Numa pausa das negociações políticas e econômicas, na manhã de domingo o presidente e a primeira-dama, Janja, irão com os demais líderes ao Parque Memorial da Paz de Hiroshima, visitando seu museu e depositando flores no monumento às vítimas da bomba atômica.