Contra o Criciúma, hoje, em Santa Catarina, o Remo defende a invencibilidade e luta para subir na classificação (é o 5º colocado) contra um adversário que causou sua eliminação na Copa do Brasil, mas não faz boa campanha na Série B (é o 14º). A derrota em Belém levou a mudanças imediatas no clube, com a demissão do técnico Rodrigo Santana.
Sob o comando de Daniel Paulista, tornou-se uma equipe diferente daquela que fracassou na Copa do Brasil. Passou a jogar de forma mais pragmática, com economia de passes e maior eficácia nas finalizações.
Por força dessa mudança, começou bem o Brasileiro da Série B, conquistando oito pontos em quatro rodadas – duas vitórias e dois empates. Passa a ser um dos destaques da fase inicial da competição e vai a campo com a obrigação de defender a excelente posição.
Para manter o rendimento, Daniel Paulista pode contar com o reforço de Caio Vinícius, que ficou ausente de dois jogos (Botafogo-SP e Coritiba). Volante titular, Caio foi um dos últimos contratados, mas ganhou espaço pela força de marcação e a capacidade de organizar a saída de jogo.
É provável que seja escalado ao lado de Pedro Castro (ou Pavani) e Jaderson, como vinha acontecendo até sair do time por contusão.
A ocupação do meio-campo é sempre decisiva no futebol moderno, principalmente na dinâmica de times que exploram transições rápidas e passes longos. O Remo joga assim. Por isso, precisa ser eficiente na recuperação de bolas e bem estruturado nos avanços até a área adversária.
Com a proteção dos homens de meio, a defesa ganha mais solidez, permitindo performances seguras de William Klaus e Reinaldo.
Além do retorno de Caio Vinícius, o Remo baseia sua força para o duelo com o Criciúma no desempenho do setor ofensivo e, em particular, de Pedro Rocha. Com a evolução física após a intertemporada, o atacante ganhou capacidade de arranque e força para as disputas de área.
A afiada conexão entre Rocha e Janderson nos contra-ataques responde pelo poderio ofensivo do Leão (6 gols) e mantêm o camisa 32 no topo da artilharia, com quatro gols.
Herói do penta alivia a barra da “legião estrangeira”
Matías Cavalleri foi o grande herói da noite de anteontem, em Goiânia, ao evitar a derrota nos 90 minutos diante do Goiás e por provocar a disputa na série de penalidades. Foi dele, portanto, a ação decisiva que garantiu ao Papão a conquista do quinto título da Copa Verde.
Reserva com poucos minutos de participação em jogos do PSC, Cavalleri entrou aos 39 minutos do 2º tempo, substituindo o lateral PK na ala esquerda. Era o esforço final e desesperado de Luizinho Lopes em busca do empate salvador. Funcionou perfeitamente.
Dez minutos depois, sob forte chuva, foi de Cavalleri o toque abençoado para o fundo das redes, desviando o cruzamento de Rossi. Entrou como um raio para aproveitar a indecisão do zagueiro Messias e do goleiro Tadeu.
Todas as decisões têm um predestinado. O chileno Cavalleri, que era um dos mais apagados entre os oito contratados sul-americanos do clube, foi o grande e improvável nome da épica conquista da Copa Verde.
Além do gol histórico, Cavalleri deu contribuição importante para que a “legião estrangeira” do Papão seja vista com outros olhos. Até o jogo de quarta-feira, as críticas eram constantes ao desempenho dos importados.
Humilde e quase monossilábico, o atacante evitou declarações bombásticas e driblou a soberba, assinalando mais um gol de placa no terreno do bom senso. A vitória muitas vezes vira uma armadilha para os imodestos.
Frango de John expõe defeitos do Fogão campeão
O Botafogo imponente e vencedor das competições mais importantes da temporada passada, Copa Libertadores e Campeonato Brasileiro, não existe mais. Ficou desfigurado com a perda de seus principais expoentes – Luiz Henrique e Almada – e de reservas fundamentais, como Júnior Santos, Tiquinho, Eduardo e Adryelson.
Na partida contra o Estudiantes de La Plata, anteontem, em Buenos Aires, todos os pecados ficaram expostos, culminando com o frango sofrido por John, um dos melhores goleiros do continente na temporada passada.
O chute desferido de fora da área veio na direção de John. Ele se posicionou corretamente para a defesa, mas um instante de vacilação permitiu que a bola escapasse em direção às redes. Frangos acontecem, mas no caso do Botafogo o lance é revelador das inseguranças do time.
Renato Paiva, o treinador contestado a cada jogo, não é o único responsável pelos maus passos do novo Botafogo. Jogadores que brilharam no ano passado parecem ter perdido a fagulha vitoriosa. É o caso do próprio John e de seus companheiros Gregore, Barboza, Alex Telles e Marlon Freitas.
Eram peças que faziam a engrenagem funcionar para que o brilho técnico de Luiz Henrique e Almada pudesse se manifestar em toda plenitude. A brutal perda de tempo, entre janeiro e março, por decisão do investidor (John Textor), está cobrando um preço alto demais.
Sem técnico efetivo durante a Supercopa Rei e a Recopa, o Botafogo foi presa fácil dos adversários, deixando como principal prejuízo a perda do encanto glorioso que todo grande campeão deve ter. Um campeão é responsável pela valorização dos títulos que conquista.