O empate não foi ruim, mas o gol cedido no minuto final tirou o sabor da alegria. O resultado, bom do ponto de vista da equilibrada Série B, trouxe um gosto amargo ao torcedor azulino, que já comemorava a vitória sobre a Ferroviária. A vantagem foi sustentada até a cobrança de falta que resultou no gol do time da casa.
A partida mostrou um Remo maduro e aplicado ao longo de todo o primeiro tempo, controlando as investidas da Ferroviária nos minutos iniciais e depois se lançando ao ataque com jogadas rápidas pelos lados.
Na primeira chance, Caio Vinícius escorou de cabeça, à esquerda da trave de Dênis Júnior. Depois, um cruzamento perfeito de Alan Rodríguez deixou Felipe Vizeu em condições de marcar, mas o cabeceio saiu à direita, raspando a trave.
O Remo era melhor por ser mais objetivo. Aos 37 minutos, uma bola roubada na intermediária da Ferroviária caiu nos pés de Jaderson, que lançou Pedro Rocha na esquerda. O atacante entrou na área e tocou para Vizeu chutar para as redes.
A vantagem no marcador deixou o Remo mais à vontade para sair jogando, criando perigo para a zaga paulista. No 2º tempo, mesmo com mudanças na Ferroviária, o controle da partida continuou com os azulinos. Marcelinho, lançado na área, quase ampliou para 2 a 0.
Depois, já com Adailton na vaga de Pedro Rocha, o Remo fustigou com mais insistência e esteve próximo de marcar. Adailton avançou e foi parado com falta dura quando ia entrar na área.
Quase ao final, Jaderson sofreu uma queda fora do campo ao interceptar uma bola e teve que sair. Sua ausência desfigurou a meia-cancha, que permaneceu apenas com Caio Vinícius enfrentando as tentativas da Ferroviária.
Aos 49′, o lance fatal. Adailton cometeu falta junto à linha lateral e Netinho cobrou para o cabeceio certeiro de Carlão, empatando a partida. Um castigo para os azulinos na estreia na Série B.
Consciência Democrática e Futebol
Para surpresa de quase ninguém, apenas nove clubes – 6 da Série A, 1 da B, 1 da C e 1 da D – se posicionaram no 1º de abril, data do golpe militar que implantou a ditadura no Brasil em 1964. Do Pará, somente o Remo se manifestou em nota nas redes sociais. Entre os clubes da Série A, Internacional, Corinthians, Botafogo, Vasco fizeram postagens
Vale dizer que o quantitativo deste ano já é bem superior ao do ano passado, quando somente seis clubes se posicionaram. Permanece a diferença abissal no terreno da consciência política de clubes e desportistas brasileiros em relação a argentinos e uruguaios, sempre atentos e unidos na defesa da democracia.
Estratégias e Expectativas no Futebol
Uma jogada executada primorosamente em 20 segundos abriu caminho para a primeira vitória do Botafogo na Série A, sábado à noite, no estádio Nilton Santos. Tudo começou com a saída de bola pelo lado direito. De pé em pé, sem erros, a bola chegou a Alex Telles na ala esquerda. Ele cruzou na medida para Igor Jesus finalizar para as redes.
Uma pintura de gol pela construção simples e perfeita do lance. Lances que eram comuns no Botafogo campeão do ano passado, sob o comando de Artur Jorge. Foi um dos trunfos da equipe, tanto no Brasileiro quanto na Libertadores.
Depois da elogiada estreia contra o Palmeiras, apesar do empate em 0 a 0, o time tropeçou fora de casa na Libertadores e deixou algumas desconfianças no ar. A vitória de 2 a 0 sobre o Juventude reabre as expectativas sobre o Botafogo de Renato Paiva. A conferir.
Reflexões sobre a Seleção Brasileira
Nos idos de 1970, Nelson Rodrigues saudou a escolha de João Saldanha para treinar o escrete canarinho com um artigo caprichado, no melhor estilo rodriguiano, carregado de ideias antiquadas e conselhos certeiros, remetendo ainda à tragédia nacional da Copa de 1950.
Amigos pessoais, colegas de rádio e jornal, Nelson e João eram como cão e gato na esfera política – o primeiro defendia a ditadura militar, Saldanha era um comunista indômito –, mas se entendiam por música quando o assunto era futebol.
“Sou totalmente partidário de João Saldanha. Colocaram o homem certo no lugar certo. Eu sempre disse que o Brasil precisava de 11 guerreiros. E o Saldanha sabe disso. O brasileiro é cheio de escrúpulos, enquanto que o inglês faz qualquer negócio pra ganhar a Copa, pois tem o cinismo de grande povo. O Saldanha entende de futebol e pode transmitir um mínimo de cafajestismo que a Copa exige. A Copa é uma competição de gângsteres. E o sujeito que quer bancar a menina em primeira comunhão entra por um cano deslumbrante. Em 1950, o Brasil perdeu porque o outro lado tinha um Obdúlio Varela. O papel do Saldanha é impedir que do outro lado exista um Obdúlio e fazer com que o Obdúlio seja brasileiro”, cravou Nelson.
Meses depois, após campanha sensacional nas Eliminatórias, Saldanha foi demitido da Seleção por ordem do governo militar. Zagallo entrou em seu lugar, mas o tricampeonato de 70 também é dele.