Kim Kataguiri. Foto: Divulgação
Kim Kataguiri. Foto: Divulgação

O deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) resolveu que o Brasil precisa dar um passo ousado no tabuleiro geopolítico: sair do campo das boas intenções e entrar, literalmente, no clube atômico. Nesta terça, 8, o deputado protocolou uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que autoriza o Brasil a desenvolver armas nucleares “para fins dissuasórios” — expressão técnica para “fazer os outros pensarem duas vezes antes de se meter conosco”.

Atualmente, a Constituição afirma que “toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos”. Kim, no entanto, achou que essa cláusula seria muito “paz e amor” para o cenário atual e propôs retirar justamente a parte que fala em “fins pacíficos”. Afinal, segundo ele, dissuadir é o novo dialogar.

A “PEC da Bomba Nuclear”, como já vem sendo apelidada, prevê que as ogivas só poderiam ser usadas em caso de grave ameaça ao território nacional ou para retaliar “fundada ameaça de uso de armas de destruição em massa” contra o Brasil. Ou seja, só em caso de guerra — ou, quem sabe, de um mau pressentimento bem fundamentado.

Kataguiri afirma que o desenvolvimento das armas ficaria restrito às Forças Armadas, com autorização do presidente da República. A proposta também revoga os tratados que proíbem o Brasil de ter bombas, como o Tratado de Não-Proliferação Nuclear.

Na justificativa, o deputado cita a rivalidade entre Estados Unidos e China, o avanço da Otan e o reposicionamento militar de países como Coreia do Norte e Irã. Segundo ele, “a segurança internacional voltou a ser pautada pela capacidade de dissuasão”.

O Brasil e a Bomba Atômica

Kataguiri ainda lembra que o Brasil, dono de vastas reservas de urânio e lítio, matriz energética limpa e a maior floresta tropical do mundo, continua “sem instrumentos efetivos de dissuasão”, o que o deixaria vulnerável a ingerências externas, ou seja, o arsenal nuclear seria util para proteger a Amazônia.

No texto, ele garante que a dissuasão não é sinônimo de guerra — é só uma forma mais convincente de pedir paz. “O conceito moderno de ‘paz armada’ é, paradoxalmente, o que tem garantido a estabilidade global nas últimas décadas”, escreveu.

E concluiu com uma frase digna de pôster motivacional de bunker: “Esta não é uma proposta de guerra, mas um ato de fé na paz, na ciência e na independência do Brasil.” Porque, claro, nada inspira mais confiança na paz do que um botão vermelho reluzindo no Planalto.ada