A Arquidiocese de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, formou neste mês uma comissão para investigar uma imagem de Nossa Senhora de Fátima que atrai devotos por supostamente expelir “lágrimas de mel”.
De acordo com a arquidiocese, a imagem foi presenteada a uma moradora de Mirassol (a 452 km da capital) em 1993 e teria passado a expelir inicialmente lágrimas, que se transformavam em sal e, posteriormente, azeite, vinho e mel sendo este último o fenômeno mais recorrente.
Ao longo dos anos, a santa passou a atrair um número grande de devotos e ganhou a alcunha de Nossa Senhora do Mel. A reportagem entrou em contato com a proprietária da imagem, mas não obteve retorno.
A iniciativa para formar a comissão partiu de uma norma editada no ano passado pela Santa Sé para investigações de casos sobrenaturais, explica Aparecido José Santana, notário da comissão formada pela arquidiocese.
O grupo é formado por cinco pessoas, um notário, um teólogo, um canonista, um perito, e um delegado, que chefia o colegiado.
“É feita uma análise científica sobre de que material [a santa] é feita, quais elementos ela verte, como mel, água, sal, azeite e vinho e do que eles são compostos, tudo isso será feito em laboratório e nos será repassado”, afirma o notário.
Além das análises, a comissão também irá tomar depoimentos de pessoas que testemunharam esses elementos e constatar, do ponto de vista pastoral, se a imagem atrai fiéis e conversões.
A comissão não tem prazo delimitado nem função decisória. Quando as análises forem concluídas, elas serão encaminhadas para o Dicastério para a Doutrina da Fé, órgão do Vaticano responsável por zelar pelos ensinamentos da Igreja.
Em comunicado aos fiéis, a Arquidiocese pede que todos acompanhem o processo com oração, confiança e serenidade e que evitem julgamentos precipitados ou divulgações que não estejam em consonância com os ensinamentos da Igreja.
“[A comissão] É uma atividade necessária destinada a responder a tantos que nos procuram em busca de informações acerca desses fenômenos”, diz em nota dom Antonio Emidio Vilar, arcebispo de São José do Rio Preto.
ARTUR BÚRIGO