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Guardiões da Galáxia: Nostalgia e despedida

Guardiões saem de cena em alta na Marvel (pelo menos por enquanto) FOTO: divulgação
Guardiões saem de cena em alta na Marvel (pelo menos por enquanto) FOTO: divulgação

Quando foi lançado, em 2014, “Os Guardiões da Galáxia” parecia fadado a ser o primeiro fracasso da Marvel no planejamento do seu universo compartilhado no cinema, por ser uma aposta muito arriscada, quando a produtora ainda tentava se estabelecer nas bilheterias. Afinal, além da equipe ser praticamente desconhecida, mesmo entre fãs ardorosos da editora, eles contrataram um diretor mais acostumado aos filmes trash e comédias abusadas: James Gunn.

Gunn não só fez o filme explodir nas bilheterias, como deu personalidade própria aos personagens e ao universo espacial da empresa, com um filme leve e divertido. Após uma continuação quase tão boa quanto, o cineasta se despede da Marvel (afinal é o novo diretor criativo da concorrente DC na Warner) com uma terceira parte que não só é a melhor da trilogia dos Guardiões, como também o melhor filme do MCU desde “Vingadores – Ultimato”.

Primeiro, como se trata de um final, Gunn não se furtou a testar o limite do absurdo e do grotesco, que são características de obras anteriores dele. O roteiro fica no limiar entre o riso e o choque, entre o surreal e o absurdo, ao mostrar a equipe às voltas com o vilão Alto Evolucionário (uma espécie de Joseph Mengele espacial, que usa animais e pessoas em experiências dolorosas e loucas para criar uma “raça perfeita”) para tentar salvar a vida de um membro da equipe de heróis.

Ele cria um roteiro redondo, que sabe caminhar entre o ponto A e B sem parecer forçado e aproveita as personalidades e características de cada personagem, amarrando as pontas soltas e criando uma despedida que soa tensa na maior parte do filme, afinal nos importamos com os personagens que já acompanhamos por quase dez anos.

Outro acerto é tirar o foco do líder, Peter Quill, e fazer a história girar em torno de Rocket, o guaxinim esquentado e genial. Assim, a narrativa explora novas dinâmicas e aproveita a química de outras antigas, como de Rocket e Groot, além de Drax, Mantis e Nebula (Karen Gillan, o grande destaque do filme).

A trilha sonora, como sempre, passeia pelas décadas, revivendo bandas e cantores, que são inseridos nas cenas de maneira orgânica e divertida. Impossível não abrir um sorriso quando toca “This is The Day”, do grupo britânico The The, afinal.

O design de produção também é um ponto forte da trilogia. A base orgânica e quase viva de uma corporação espacial consegue transmitir uma sensação de repulsa, assim como a Contra-Terra emula o estilo de vida americano da década de 1960. Gunn adora efeitos práticos e muitas cores e aqui tudo funciona muito bem.

No fim, fica a sensação agridoce da boa despedida, com um filme bem feito, uma história amarrada e personagens carismáticos. James Gunn deixa uma bela carta de despedida para a Marvel, e também uma má notícia, afinal agora ele segue carreira entre o Super-Homem e o Batman. Estou curioso para saber o que ele trará para a concorrente, que merecia projetos melhores desde a era Zack Snyder.