Notícias

Grande glória botafoguense (06/11)

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Como é normal em ano de Copa do Mundo, a expectativa da torcida está na divulgação da lista final de convocados para defender a Seleção Brasileira no mundial do Catar. Nesta segunda-feira, 7, o mistério em torno dos 26 nomes escolhidos por Tite será finalmente desfeito. Em meio às especulações e palpites, há um fato de forte valor simbólico: que clube mais contribuiu com jogadores para as participações brasileiras em Copas?

O Botafogo lidera amplamente essa estatística há décadas, com 47 convocações desde o Mundial de 1920, quando a Fifa passou a organizar a Copa do Mundo. Mas, em consequência dos maus pedaços vividos pelo clube nos últimos anos, o último jogador botafoguense que chegou a uma Copa foi o goleiro Jefferson, reserva de Júlio César em 2014.

O domínio botafoguense tem a ver com os anos de apogeu vividos entre 1950 e 1970. Duas décadas fundamentais para a história botafoguense e para o futebol do Brasil. Foi nesse período que o Brasil, em boa parte por contribuição alvinegra, conquistou as três Copas (1958, 1962 e 1970) que moldaram em definitivo nossa imagem de país do futebol. E isso se deve grandemente – os números não mentem – à mítica Estrela Solitária.

Na história dos mundiais, algumas agremiações ficaram marcadas por ceder grande quantidade de jogadores para a Seleção. Nos últimos anos, a expansão das carreiras rumo ao primeiro mundo da bola reduziu a contribuição dos clubes nacionais. Ocorre que, historicamente, são os times nacionais que dominam a lista dos mais chamados.

Para a Copa 2022, nenhum atleta da equipe carioca estará na lista definitiva do técnico Tite, mas o Botafogo não corre o risco de ter sua marca igualada, pois o São Paulo (2º colocado, com 46 convocações) também não deverá ter atletas listados para ir ao Catar.

Os últimos jogadores do Tricolor do Morumbi chamados foram Rogério Ceni e Mineiro, em 2006. O Vasco, com 35 representantes em Copas, é o terceiro clube que mais colaborou com o escrete.

Completam o Top 10 dos grandes fornecedores de jogadores para a Seleção os seguintes clubes: Flamengo, 33 jogadores; Fluminense, 32 jogadores; Santos, 24 jogadores; Corinthians, 23 jogadores. Palmeiras, 23 jogadores; Atlético-MG, 12 jogadores; e o Cruzeiro, com 11 jogadores.

Após o anúncio oficial dos convocados, amanhã, um clube estrangeiro entrará na lista seleta. O Real Madrid, da Espanha, que atualmente soma dez jogadores convocados, deve ultrapassar o Cruzeiro, que ocupa o 11º lugar, devido à presença certa de Vinícius Junior e Eder Militão na lista, além da provável convocação de Rodrygo.

A entrada de times estrangeiros na contagem ocorre pelo crescimento galopante da migração de atletas brasileiros para o exterior nos últimos 30 anos, a partir do caminho aberto pela Lei Bosman, que facilitou o acesso de estrangeiros aos clubes europeus nos anos 1990.

Em 1986, segundo levantamento do site Sambafoot, foram chamados para a Copa da França 20 jogadores de times brasileiros e apenas dois que estavam atuando em outros países. Quatro anos depois, para a disputa da Copa da Itália, o cenário começou a se inverter, com 12 jogadores atuando no exterior e 10 no Brasil.

Assim, a Copa do Mundo no Catar será, muito provavelmente, a quinta seguida em que o Brasil tem menos de cinco jogadores atuando nacionalmente. Até o momento, todas as vezes em que o Brasil ganhou, a Seleção tinha mais convocados jogando dentro do país – caso o hexa seja conquistado este ano, este será um novo marco.

 

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro apresenta o programa, às 22h30, na RBATV, com as presenças de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em pauta, a Copa Verde e a movimentação do Remo para formação de um novo elenco. A edição é de Lourdes Cezar.

 

Intolerância: uma chaga a ser contida a todo custo

Atos de xenofobia explícita, preconceitos aflorados pela recente disputa presidencial, escancaram uma cultura de intolerância que parece não ter mais freios no Brasil. O último disparate vem da diretora de responsabilidade social do Flamengo, que compartilhou na internet agressões gratuitas ao povo do Nordeste, onde Lula recebeu sua votação mais expressiva. Importante: a diretora de um clube que tem na região um gigantesco nicho de torcedores.

A raiva incontida, causada pela democracia em alguns setores da sociedade brasileira, está no fato de que o voto da favela tem o mesmo peso do voto do condomínio. As regras são essas, não há como subverter. Daí nasce a intolerância em relação ao diferente.

Como é próprio dos que adotam a ignorância e a desfaçatez como estilo de vida, Ângela Machado, que é casada com o presidente do clube, Rodolfo Landim, recuou cinco dias depois, sob pressão de críticas da própria torcida rubro-negra. Afinal, como nordestina que é, soa absolutamente insano o ataque pesado à região. Sem convencer, ela pediu desculpas aos conterrâneos, embora não assumindo ter escrito os desaforos.

“Peço desculpas pelo meu erro, reconheço e respeito o processo democrático e o resultado das urnas. E torço para que o próximo governo tenha êxito pelo bem do nosso país, independente (sic) de qualquer ideologia. Peço desculpas também ao povo nordestino, aos sergipanos e a todos que, de alguma forma, feri com meus atos. E, inclusive minha família, com quem me desculpei diretamente”, escreveu, lembrando que sente orgulho de ser nordestina de nascimento.

Na segunda-feira, 31, Ângela havia compartilhado o seguinte texto em seu Instagram. “Ganhamos onde se produz, perdemos onde se passa férias. Bora trabalhar porque se o gado morrer, o carrapato passa fome”. A frase faz referência óbvia à vantagem que Lula obteve na região Nordeste. Foram 69,34% dos votos sobre Jair Bolsonaro.

Mesmo que a dirigente flamenguista não tenha sido absolutamente sincera ao se desculpar, que a lição seja aprendida. Respeito é fundamental sempre, sob qualquer circunstância, fora ou dentro de período eleitoral.